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Glamour: Com a mulher Marla na suntuosa Trump Tower, em Nova York

 

A limusine prateada pifou na estrada que liga Nova York a Atlantic City. Um jovem, que passava no local naquele momento, se prontificou a ajudar. Disse que entendia de mecânica e, em poucos minutos, botou o luxuoso carro para funcionar. Dias depois este mesmo jovem recebeu em sua casa um buquê de flores, um bilhete e um cartão. O buquê era uma forma de agradecer a solidariedade. O bilhete pedia desculpas por investigar sua vida, mas avisava que a hipoteca de sua casa estava integralmente paga. E o cartão tinha apenas uma assinatura: a de Donald Trump, o homem que estava a bordo do carro pifado. Esta é mais uma das tantas histórias do magnata de Nova York, senhor do setor imobiliário, capaz de lances surpreendentes como este da limusine, proprietário dos maiores edifícios norte-americanos, de cassinos, hotéis, dono de uma fortuna pessoal de US$ 2 bilhões e dono também de um ego do tamanho da estátua da liberdade. Costuma se referir a ele próprio como ?The Donald? e coloca seu nome na porta de todos os empreendimentos: Trump Tower, Trump Island, Trump Plaza. Até seu helicóptero exibe um Trump gigantesco na cauda. Recentemente, quis ser presidente dos Estados Unidos. ?A América precisa de um homem como eu?, afirmou em cadeia nacional. Também adora tripudiar os rivais. Costuma dizer que a concorrência existe para ser pisada. Pois agora os brasileiros vão conhecer mais de perto este empresário surpreendente, egocêntrico, polêmico e bilionário. Em agosto, ele lança oficialmente o projeto Villa Trump, sofisticado complexo de lazer que irá reunir no interior de São Paulo um clube de golfe, quadras de tênis, resort e mansões de veraneio. Trump quer como clientes os maiores empresários da América Latina e já tem uma lista secreta, batizada de Trump 500, para selecionar quem poderá usufruir dos benefícios deste ?clube?. Ao adquirir o título por US$ 200 mil, o associado ganhará acesso irrestrito ao local e o direito de construir seu imóvel num lote predeterminado. Os felizardos terão, em vez de ?carteirinha de sócio?, uma chave de ouro com o brasão Trump. ?The Donald? se supera a cada empreendimento.

 

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Os sócios brasileiros: Jacetti (à esq.) e Bellino serão os representantes no País e vão captar recursos locais para os projetos

 

O projeto, orçado em US$ 25 milhões, sai do papel em agosto e deverá estar pronto em três anos. Segue os mesmos moldes de alguns dos empreendimentos de lazer de Donald Trump nos Estados Unidos. Ao aliar glamour, bem-estar e golfe ? o esporte preferido de nove entre dez empresários americanos ? Trump descobriu uma fórmula infalível de sucesso. A versão brasileira será construída num terreno de 500 hectares. O empresário não revela a localização. O que se sabe é que estará num raio de no máximo 200 km da capital paulista. O Villa Trump é só o primeiro de uma série de negócios que ele pretende fazer no Brasil. ?Estamos estudando a construção de condomínios de alta classe, hotéis e torres comerciais?, disse Donald Trump em entrevista exclusiva à DINHEIRO. Os empresários Ricardo Bellino e Avilsom Jacetti Jr., sócios brasileiros na recém-constituída Villa Trump Empreendimentos e Participações, dão mais pistas: ?Há o projeto de transformar uma ilha num misto de resort e complexo de lazer. É a Trump Island, que poderia ser feita em Angra dos Reis?, diz Bellino. Donald Trump está investindo US$ 300 milhões em algo similar no Caribe. ?Outra opção é o que chamamos de torre híbrida, que mistura hotel, escritórios e apartamentos residenciais?, afirma Jacetti. ?Esta, seria em São Paulo?. Além disso, revelam os sócios, quando a marca Trump estiver consolidada no País, o empresário poderá partir para licenciamento de produtos ligados ao golfe. Serão tacos, roupas, sapatos, bolas, bolsas. Todas com o logotipo VT (Villa Trump). ?Mas estes são planos de médio prazo. Estamos empenhados agora em tornar realidade o Villa Trump?, explica Bellino.

 

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O mundo Trump: Cassinos, ilhas, torres monumentais,…

 

Mas o que moveu Donald Trump a escolher o Brasil e entregar a tarefa a Bellino e Jacetti? Na verdade, foram os brasileiros que correram atrás do magnata. Em dezembro passado, Jacetti, um empresário do setor imobiliário, apresentou ao amigo Bellino, dono da agência de marketing Illusion2K, o projeto de construir um empreendimento de alto padrão no interior paulista. A idéia de Jacetti era aproveitar a rede de relacionamentos do amigo, que tem negócios nos EUA, para tentar atrair algum investidor internacional de peso. Logo surgiu o nome de John Casablancas, fundador da agência de modelos Elite e sócio de Bellino da Illusion2K. Casablancas entrou na história, sim. Mas não para assumir o projeto e sim enviar uma carta de recomendação dos brasileiros a Donald Trump. O acordo com Trump foi fechado cinco dias depois.

 

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…aeronaves e um faturamento de mais de US$ 10 bilhões são o lado mais vistoso do império de Donald


No momento a dupla brasileira percorre o País em busca de investidores para o Villa Trump. Parte dos recursos já está garantida pelo próprio Donald mas, como sempre faz, o americano prefere trabalhar em parceria. Nesta semana, serão anunciados os primeiros sócios. ?Ainda não posso revelar os nomes?, esquiva-se Bellino. Na semana passada, o rabino Henri Sobel (presidente da Congregação Israelita de São Paulo) enviou carta a Trump e Bellino convidando-os para um encontro com os 200 mais importantes investidores da comunidade judaica brasileira. Um fundo inglês, com US$ 700 milhões para investir na América Latina, também demonstrou interesse em entrar na empreitada. ?Os parceiros poderão estar ligados a todos os negócios com a marca Trump no Brasil. É uma grande oportunidade?, afirma Bellino.

Donald Trump costuma dizer que tudo o que tem sua marca multiplica por três o lucro do empreendimento. Hoje, sua Trump Organization (dona do Trump Tower, do terreno do Empire State, do Trump International, entre outros) fatura US$ 10,5 bilhões ao ano, sem contar as atividades com hotéis e cassinos, como o Taj Mahal, Plaza e Atlantic City. ?Acho até que Trump demorou para chegar ao Brasil. Com a marca que ele tem, o acesso ao capital mais barato e este apelo dos negócios ligados ao golfe, já deveria estar aqui há muito tempo?, diz Romeu Chap-Chap, presidente do Secovi, sindicato que reúne o setor imobiliário. ?Resta saber se no Brasil ele vai conseguir fisgar os grandes empresários. Os poderosos já têm campos de golfe particulares em suas fazendas?, duvida o consultor Marcelo Gurgel, especialista no mercado imobiliário de alto padrão. Bellino, sócio de Trump, rebate: ?Não teremos um campo de golfe, mas sim o melhor campo de golfe da América Latina?. Ele aprendeu rápido com o americano.

 

“AGORA VOU CONCENTRAR
FORÇAS NO BRASIL”

 

Na tarde da quarta-feira 5, de seu escritório na Trump Tower,
localizada na 5ª Avenida, em Nova York, o empresário Donald
Trump concedeu a seguinte entrevista à DINHEIRO:

 

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DINHEIRO ? O sr. já esteve no Brasil algumas vezes, avaliando alguns negócios e participando de campanhas sociais. Por que só agora decidiu investir no País?
Donald Trump ? Porque havia uma grande oportunidade no mercado imobiliário, porque existe um grande potencial no setor de construção civil, que vem crescendo a cada ano, e porque há a confiança de investir em conjunto com pessoas sérias no Brasil.

Este é um sinal também de confiança no novo governo e nos rumos econômicos do País?
É um sinal de confiança no País. Ainda é muito cedo para se fazer qualquer projeção sobre o novo governo. Mas a primeira impressão foi muito boa. Eu acho, particularmente, que será um governo estável e muito bem-intencionado. E isso nos anima a investir.

 

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Além do Villa Trump, o sr. está envolvido em outros projetos no Brasil, como shopping centers…
Shopping Centers, não. Estamos interessados, basicamente, em condomínios residenciais de alta classe, torres comerciais e hotéis.

Quanto o sr. pretende investir no Brasil nos próximos anos?
O investimento neste primeiro empreendimento será de US$ 25 milhões. Esta é a projeção inicial, o que não significa que não possa ser aumentada. Nos demais projetos vai depender da natureza da transação, da evolução do mercado local e mesmo do comportamento da economia mundial. Não tenho como responder esta pergunta agora.

O sr. já conhecia o empresário Ricardo Bellino? Por que o escolheu como representante no Brasil?
Primeiro porque ele foi muito bem recomendado. Segundo porque é talentoso e tem muito boas conexões com investidores. E por último, porque me apresentou o projeto certo na hora certa.