Em 1912, o pintor francês Claude Monet foi diagnosticado com catarata. Não era mais capaz de ver as cores com tanto brilho. O vermelho era opaco. O rosa, desbotado. Não suportava mais as luzes solares. Estava prestes a perder a visão quando resolveu fazer uma cirurgia. Após a operação, os óculos eram a única chance de enxergar direito novamente. Experimentou diferentes tipos. Um deles, da Zeiss, gerou um efeito azulado nas lentes e permitiu Monet a perceber a cor com maior intensidade. Assim, o impressionista voltou a viver sua vida, retocar suas obras e continuar mostrando ao mundo os marcantes tons de azul, desafiando os limites da imaginação. A Zeiss transformou a história. A empresa alemã, que completa 175 anos em outubro próximo, preserva o DNA da inovação. E segue se reiventando para crescer. Fechou o ano fiscal de 2020 com faturamento de 6,3 bilhões de euros. Lucro de 616 milhões de euros.

Este ano, entre as novidades de seu portfólio, a companhia apresenta óculos para quem não tem miopia ou astigmatismo, lentes antivirais, sistema 3D para medições nas óticas e um novo centro de experiência para clientes em São Paulo. Ele será inaugurado em agosto na sede da empresa no Brasil, que exerce um papel essencial na estratégia global da marca neste momento de transformação digital. “Tanto pelo perfil do consumidor, que é um dos mais conectados do mundo, quanto pelas características do mercado nacional, que tem excelente aceitação das nossas tecnologias e soluções desenvolvidas”, afirmou à DINHEIRO David Ferran, presidente Zeiss na América Latina.

As inovações da Zeiss são fruto de investimento pesado em pesquisa e desenvolvimento. Da receita, 12% (cerca de 750 milhões de euros) são aplicados em estudos de novos serviços e produtos. A colheita é farta. Em média, 500 pedidos de patente são submetidos anualmente pela companhia.

No Brasil, entre as quatro linhas de negócios, a tecnologia médica e o mercado de consumo (onde está inserida a linha Vision Care, de óticas) são as duas mais efetivas. As outras são de semicondutores e industrial. Por aqui, a Zeiss está finalizando um centro de experimentações para ampliar a relação com seus clientes. Serão 125 metros quadrados em prédio da Avenida das Nações Unidas, na capital paulista, com equipamentos de última geração, avaliados em R$ 3 milhões. Vai atender duas pontas importantes do negócio da empresa: a parte médica e a de varejo de óticas. “Nossos clientes e parceiros vão manusear equipamentos. Tanto para diagnosticar melhor os pacientes quanto para entender porque os aparelhos da Zeiss são importantes”, disse Marcelo Frias, diretor de marketing da empresa na América Latina.

LANÇAMENTOS Uma das máquinas mais recentes lançadas pela Zeiss é a Visufiti 1000, um sistema de medição 3D, com visão de 180 graus do rosto do consumidor, em imagem capturada com uma única foto usando nove câmeras. Processa 45 milhões de pontos para definir um alvo de fixação para visão confortável e outras informações que ajudam o consumidor na sua decisão de compra de lentes e armações. O equipamento está em cinco lojas exclusivas da Zeiss no Brasil. Outra novidade da companhia são as lentes Zeiss Digital Shield, com filtro de luz azul para ser usada por quem não precisa de óculos de grau. Com o home office, as pessoas não têm as condições ideais de luz em casa, o que força a visão por ficarem na tela do computador e no celular. Gera fadiga ocular. “Vendemos 10 mil pares só no Brasil”, afirmou Frias. Nessa esteira, chega ao País nas próximas semanas as lentes Zeiss DuraVision AntiVirus Platinum UV, que mata 99,9% dos vírus e bactérias com uma camada de propriedades curativas da prata.

Na área de indústria, desde janeiro a Zeiss trabalha em parceria com o Senai e a Petrobras para desenvolver e validar metodologias para a fabricação e reparo de válvulas, flanges e trocadores de calor.

Seja em qual for a área de atuação, a Zeiss continua a desafiar os limites da imaginação, com visão para atender o consumidor na ótica, o engenheiro da Petrobras ou um tal de Claude Monet.