O euro surgiu embalado no entusiasmo da União Européia, em 1999, caiu em descrédito e agora ressurge de maneira surpreendente. No final da semana passada, a cotação da moeda européia atingiu seu ponto mais alto em dois anos. Seu valor está cada vez mais próximo da paridade com o dólar, uma prova de força impensável nos tempos de baixa. Cada euro chegou a valer menos de US$ 0,83, em outubro de 2000.

A recente valorização do euro é mais do que uma prova do sucesso do mercado comum europeu. É também um sinal da fragilidade do dólar. Os investidores estão com um pé atrás em relação à economia americana e buscam outras praças para aplicar seus recursos. ?Os Estados Unidos não são mais a única alternativa para os investimentos?, diz David Rossmiller, que administra recursos da área de grandes fortunas do Deutsche Bank.

Os investidores se preocupam com dois problemas na economia americana: o baixo crescimento e o enorme déficit comercial. Em abril, o rombo externo americano atingiu US$ 35,9 bilhões, quase US$ 3 bilhões a mais do que em março. Logo depois da divulgação dos dados, na semana passada, a cotação do dólar sofreu nova queda. ?As pessoas estão procurando qualquer desculpa para derrubar o dólar?, diz Paul Bednarczyk.

O medo dos investidores é a vulnerabilidade externa americana. Como esse déficit comercial não é sustentável a longo prazo, eles temem que a moeda seja desvalorizada e se antecipam. Além disso, a Bolsa de Valores de Nova York não reage. Como não há confiança que as ações vão oferecer bons rendimentos, os investidores buscam alternativas para suas aplicações e migram para outros mercados. A maioria dos analistas acredita que o euro possa alcançar a paridade com o dólar nos próximos meses.