O empresário Eugênio Staub, dono da Gradiente, concluiu na sexta-feira 20 aquela que pode ser considerada a maior transação da sua carreira. Viu um investimento de US$ 10 milhões, feito há três anos, se transformar em mais de US$ 500 milhões. ?Nunca mais vou ver outro negócio com esse brilho nessa encarnação?, afirmou à DINHEIRO. Staub fazia referência à venda dos seus 49% de participação na NGI para a sócia Nokia, que a partir de agora passa a ser a única dona da fábrica de celulares em Manaus. A multinacional finlandesa pagou à vista US$ 415 milhões pela parte que estava nas mãos da Gradiente. Desde que as duas se associaram, Staub já havia embolsado outros US$ 110 milhões referentes aos dividendos da empresa. E mais: foi a área de celulares a responsável pela sobrevivência da Gradiente no período de crise do setor de eletroeletrônicos.

Com os bolsos cheios, a primeira atitude que Staub vai tomar é acertar a vida da empresa com os bancos. Pretende quitar as dívidas de cerca de US$ 90 milhões que vencerão nos próximos 180 dias. ?Sem endividamento, teremos um perfil mais parecido com os concorrentes estrangeiros?, explica. Mas isso não quer dizer que Staub se afastará das instituições financeiras. Bastou o mercado saber que o empresário estava com a carteira recheada de dólares para que o telefone de seu escritório não parasse de tocar. ?Já tem um monte de banqueiros ligando para nós?. ironizou. ?Agora, em vez de tomadores de dinheiro, seremos investidores.?

 

A tremenda tacada permitirá a Staub partir para novos projetos. Uma das áreas em que pretende investir é na produção do celular fixo (tecnologia usada pela Vésper, operadora do eixo Rio?São Paulo) e, para isso, o dono da Gradiente já está conversando com potenciais sócios estrangeiros que possam oferecer tecnologia em uma possível associação, além de operadores nacionais dispostos a comprar seus produtos. Staub não vai desistir dos negócios de telefonia móvel. Continuará vendendo seus aparelhos, que serão produzidos pela Nokia em sistema de terceirização.

Para a Nokia, a independência na área de celulares acontece no momento certo. A associação com a Gradiente foi estratégica para que a empresa começasse a operar no Brasil ao lado de uma marca já conhecida no mercado. Agora, a empresa se prepara para entrar de cabeça na Banda C, da qual detém a tecnologia GSM e para produzir também para exportação, o que era vetado pelo acordo com a Gradiente. Na sexta-feira, executivos finlandeses e americanos, acompanhados por Edward Fernandes, presidente da divisão de telefonia móvel, estavam enfiados na linha de produção em Manaus. Sabem que têm muito trabalho pela frente.