É um clichê afirmar que a vida de determinada pessoa daria um livro ou filme. Pois a de Chris Gardner rendeu ambos — e muito mais. Sua incrível jornada pessoal foi narrada na autobiografia À procura da felicidade, best-seller adaptado para o cinema em um tocante longa-metragem estrelado pelo ator Will Smith. A trama conta a história real de provações e superação de um pai de família negro, de origem humilde e que, como tantos outros, luta para manter seu casamento e conseguir um trabalho capaz de prover o sustento dos filhos. Por um longo período, quase nada dá certo. Ele fica sem emprego, passa os dias tentando vender um equipamento médico que ninguém demonstra interesse em comprar e chega a ficar encarcerado por dez dias depois de acumular uma imensa lista de multas de trânsito, que evidentemente não tinha como pagar. Em uma das cenas do filme ele se envolve em um acidente e fica sem um pé de sapato. Vai só de meia à corretora de ações Dean Witter, na qual fazia um estágio para entrar no mercado financeiro. Contra todas as previsões, Chris Gardner venceu. Tornou-se um corretor de sucesso na bolsa, abriu a própria empresa e fez de sua trajetória a inspiração para milhões de pessoas.

Na terça-feira (2), ele participou como convidado especial de uma live organizada pela XP Inc. no âmbito da campanha Juntos Transformamos, que em 22 dias já destinou R$ 32 milhões a quatro projetos sociais (leia no quadro). O valor corresponde a 64% da meta fixada para a campanha. Ao apresentar Chris como embaixador da campanha, o presidente da XP Inc., Guilherme Benchimol, afirmou: “A gente não consegue salvar o mundo sozinho. Mas se todo mundo abraçar uma causa social, a gente pode ajudar o Brasil a atravessar essa crise e sair dela melhor do que estávamos quando ela começou”.

“A gente não consegue salvar o mundo sozinho. se todo mundo abraçar uma causa social, a gente pode ajudar o Brasil a atravessar essa crise e sair melhor do que estávamos quando ela começou” Guilherme Benchimol, CEO da XP INC. (Crédito:Claudio Gatti )

Durante a entrevista de meia hora conduzida pela estrategista de ações Betina Roxo, Chris deixou várias mensagens inspiradoras. A primeira delas diz respeito diretamente à pandemia: “Eu já ouvi muitas pessoas dizendo que o coronavírus colocou todos nós no mesmo barco. Não estamos no mesmo barco. Estamos na mesma tempestade.” E prosseguiu explicando as diferenças entre os barcos em que cada um está, dependendo de sua condição social, de saúde e de renda durante e após a pandemia. “Quem está conseguindo trabalhar de casa, apesar de todas as restrições e dificuldades impostas pelo isolamento está em um barco bem diferente daqueles que já não têm emprego, ou dos que precisam arriscar as suas vidas para poder trabalhar.”

LIDERANÇAS A descrição é especialmente oportuna para sensibilizar quem está em uma situação privilegiada e pode contribuir para amenizar ao menos parte da dificuldade que enfrentam os mais vulneráveis, seja fazendo doações em dinheiro, dedicando parte de seu tempo em trabalho voluntário ou compartilhando conhecimento. É desse tipo de ajuda que sobrevivem ONGs como a Amigos do Bem, que nasceu por iniciativa de Alcione Albanesi, uma batalhadora que levava roupas, alimentos e atendimento médico e odontológico a famílias do sertão nordestino. Hoje, seus inúmeros projetos educacionais e autossustentáveis movimentam a vida de mais de 75 mil pessoas nos estados de Alagoas, Ceará e Pernambuco.

Também beneficiado com recursos do movimento Junto Transformamos, o Instituto Gerando Falcões, liderado pelo empreendedor social Eduardo Lira, que desde o início da pandemia fez chegar 243 mil cestas básicas a comunidades carentes. Mais importante que o trabalho emergencial, a ONG nascida na periferia paulistana tem por finalidade criar novos projetos de vida para jovens desassistidos. Um propósito que pode criar futuros líderes, algo que está faltando hoje no Brasil e no mundo, segundo o próprio Chris Gardner. “Não temos liderança em diversas partes do mundo. Por isso, uma das coisas que farei com meu tempo agora é encorajar os jovens para que votem.” Ele sabe da importância que reside na escolha de um governante.