Desde 2013, um grupo de pelo menos 60 mil pessoas se encontra todo ano em abril no Arnold Sports Festival, feira internacional realizada no Transamérica Expo Center, em São Paulo. O evento fitness reúne esporte, nutrição, moda, competição, fisioterapia e tem como embaixador o ator e ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger. “O brasileiro ama esportes e cada vez mais se conscientiza da importância da atividade física para a saúde”, disse ele à DINHEIRO. Mas a explicação para o sucesso do evento no Brasil também se deve à parceria com a Savaget & Excalibur, de Ana Paula Leal e Luis Felipe Bonilha. Os dois foram os escolhidos para trazer ao País a feira que nasceu em Ohio, nos Estados Unidos, em 1989.

Show time: o ex-governador da Califórnia apresenta uma das competições esportivas do Arnold Sports Festival no Brasil (Crédito:Quinn Rooney/Getty Images)

A decisão, no entanto, não foi uma tarefa tão simples. O ano era 2012. Ana Paula, 50 anos, e outros dois empresários foram apresentados ao ator como potenciais sócios para organizar o evento no Brasil. Foram pelo menos 4 reuniões e 2 viagens até que a decisão finalmente saísse do papel. A parceria foi selada no fim daquele mesmo ano, com menos de seis meses para a estreia da Arnold Classic, como o festival era antes chamado, no Rio de Janeiro. “Eles concluíram que eu era a melhor opção devido ao meu conhecimento sobre o setor e expertise com grandes feiras”, diz a empresária, também responsável pelos eventos do segmento fitness ExpoNutrition e Rio Sports Show.

Presença marcante: Arnold faz questão de visitar todas as edições internacionais da feira (Crédito:Divulgação)

A primeira edição, em abril de 2013, mostrou que a sociedade era promissora. A fila de entrada chegou a dar várias voltas no Centro de Convenções SulAmérica, zona central da capital carioca. No total, 60 mil pessoas participaram do evento, que movimentou mais de R$ 60 milhões com os expositores, venda de suplementação alimentar e equipamentos para academias. Três mil visitantes não conseguiram comprar o ticket e ficaram de fora. De lá para a cá, a feira foi rebatizada e migrou do Rio para São Paulo, em 2017. Desde que desembarcou no País, o festival atraiu mais de 1 milhão de pessoas e gerou uma receita superior a meio bilhão de reais em negócios. A chave para o sucesso? A tendência por um estilo de vida saudável e o culto ao corpo que ganhou ainda mais forma na última década.

Parceria: Ana Paula Leal e Luis Felipe Bonilha, sócios da feira, são os responsáveis por cuidar do evento internacional no Brasil que fatura mais de R$ 100 milhões em cada edição (Crédito:Rodrigo Dod)

MUSCULATURA A indústria global do segmento fitness alcançou mais de 174 milhões de clientes e 201 mil academias em 2018. No período, o faturamento foi de US$ 87,2 bilhões, o que representou um crescimento de 4,7% em relação a 2017. Já a venda mundial de suplementos alimentares saltou de uma receita de US$ 8,9 bilhões, em 2013, para US$ 15,7 bilhões no ano passado, alta de 76% no período, segundo a consultoria Euromonitor. E o Brasil é um dos principais responsáveis por esse resultado. Um levantamento da IHRSA, associação internacional de academias e clubes fitness, mostra que o País é o segundo maior mercado do mundo, com mais de 34,5 mil academias, atrás apenas dos Estados Unidos. “Ao contrário dos EUA, que tem uma situação que podemos classificar como consolidada, no Brasil ainda existe muito espaço para crescimento”, diz o astro. Na avaliação de Gustavo Borges, presidente da Associação Brasileira de Academias (Acad), esse cenário se justifica devido a baixa quantidade de pessoas praticando atividade física. “Apesar do elevado número de academias, a penetração de praticantes não passa de 5%. Em outros países esse índice chega a 20%”, diz. “Temos muito potencial a ser explorado.”

Neste ano, a sétima edição do Arnold Sports Festival abre as portas entre os dias 12 e 14 de abril. No evento, empresas nacionais e estrangeiras vão apresentar novidades como produtos de zero calorias, composições veganas, variadas fórmulas de whey protein e até linhas de moda fitness. A expectativa é receber um público de 85 mil pessoas. “Hoje, o setor inteiro se prepara para abril, que se tornou o melhor mês do ano em termos de vendas”, diz Ana Paula. “A feira com certeza mudou o jeito de fazer esse tipo de negócio no Brasil.” Espaço há. A expectativa de crescimento desse mercado, segundo o relatório da IHRSA, é de até 20% em 2019.


5 perguntas para o exterminador

O que o levou a trazer o Arnold Sports Festival para o Brasil?
O brasileiro ama esportes e cada vez mais se conscientiza da importância da atividade física para a saúde. Somente esses fatores já justificam trazer o evento para o país. Mas, além disso, conto com o suporte dos meus fantásticos sócios: a Ana Paula e o Luis Felipe. Eles são fundamentais para o nosso sucesso na América Latina e sem a nossa parceria nada disso teria acontecido.

Como você avalia o nosso mercado fitness e de suplementos?
O Brasil é um dos maiores mercados no mundo no segmento fitness e de suplementação alimentar. Mas há uma vantagem em relação a outros países de ponta nesse setor. Ao contrário dos Estados Unidos, por exemplo, que tem uma situação que podemos classificar como consolidada, no Brasil ainda existe muito espaço para crescimento. Tenho certeza de que a feira tem contribuído para esse desenvolvimento, como também em vários países da América do Sul, que sempre enviam representantes a São Paulo.

O culto de beleza e forma física no Brasil é similar ao que você vê em outros países?
Cada país tem sua particularidade. O fundamental é usar a atividade física e a boa alimentação como ferramentas para garantir a beleza externa e a interna. Ou seja, a boa saúde e qualidade de vida. Isso é o esporte.

Você tem intenção de desenvolver outros projetos ou novos negócios por aqui?
Temos trabalhado, ano a ano, para ampliar o alcance do Arnold Sports Festival South America. Já aumentamos o número de expositores, visitantes, esportes e atletas participantes. E vamos continuar. Paralelamente, estamos sempre estudando formas de integrar a feira à sociedade e ao calendário de eventos da cidade de São Paulo.

Você é austríaco, mas naturalizado americano e, por isso, se tornou governador da Califórnia. Já pensou em se tornar brasileiro e se candidatar aqui?
Fui governador do estado da Califórnia porque era lá onde morava, ainda moro, e tinha a intenção de contribuir com a minha comunidade e o país que me adotou. Adoro o Brasil, é um dos meus países favoritos no mundo, e acredito que há muitos brasileiros com disposição e capacidade para contribuir de forma direta. Por enquanto, só garanto presença no carnaval de 2020, em São Paulo.