O colombiano Juan Carlos Gaona, presidente da Abbott no Brasil, lidera uma das mais importantes operações do laboratório no mundo. Com mais de 130 anos de existência, a empresa se tornou uma das líderes globais em pesquisa de novos medicamentos. Para Gaona, a eficiência do sistema de saúde no País depende da utilização de novas tecnologias e da criação de um banco de dados com o histórico da saúde dos pacientes.

Como o sr. avalia a gestão da saúde no Brasil?
A saúde no Brasil, do jeito que está hoje, é insustentável. Entendemos que existem pacientes vivendo muito mais tempo graças à tecnologia. E é preciso mudar o modelo. Precisamos colocar em debate o que podemos fazer juntos, todos os atores do sistema de saúde, para que o setor seja gerido da forma mais eficiente no Brasil.

Como ser mais eficiente?
O Brasil tem um modelo com deficiência em toda a cadeia. Existe uma desconexão de informações sobre a vida do paciente. Hoje, o cardiologista pede dois ou três exames e prescreve alguns produtos. Daqui a seis meses, o paciente vai a outro cardiologista, que pede os mesmos exames médicos e prescreve medicamentos parecidos. Não há conexão entre o primeiro e segundo cardiologista. Sem uma base de dados, sem um controle eletrônico, há um grande desperdício de recursos.

Isso é função do governo?
Com certeza faz parte. Uma grande parcela do que se faz na saúde é paga com recursos públicos. Um modelo bom para o Brasil precisa ser desenhado por nós da indústria, junto com governo, prestadores de serviço e operadores da saúde.

Qual o tamanho da Abbott no mercado nacional?
A gente não abre o quanto tem de fatia de mercado, mas posso dizer o seguinte: a Abbott é uma companhia de US$ 30,6 bilhões em vendas globais, e aproximadamente US$ 500 milhões são vendidos no Brasil. Sem exceção, os negócios que a gente tem no Brasil crescem acima dos mercados nos quais gente atua.

Há previsão de investimentos e abertura de novas unidades?
O tempo inteiro estamos monitorando nossas fábricas. Há uma cifra que investimos anualmente para mantê-las mais modernas. Temos um padrão de qualidade até mais rigoroso que o exigido pela Anvisa. Isso demanda um grande investimento. Mas não temos previsão de investir mais porque o que temos já nos atende para o mercado atual.

(Nota publicada na Edição 1125 da Revista Dinheiro)