A empresária Ana Fontes foi a convidada da live da IstoÉ Dinheiro nesta segunda-feira (09). Fundadora da primeira e maior rede de apoio ao empreendedorismo feminino do Brasil – o Instituto Rede Mulher Empreendedora -, ela fala sobre como a política eleitoral, em especial a importância da eleição presidencial nos EUA e a de prefeitos no Brasil – que acontecerá no próximo dia 15 de novembro -, pode refletir na mudança de representatividade feminina no poder. “Precisamos de uma maior representatividade das mulheres no poder”, afirma. Na conversa, Ana Fontes conta sobre o início da jornada como empreendedora, dos tropeços, dos altos e baixos na tarefa de ser dona do próprio negócio e avalia os desafios e projetos. “Empreender é bacana, mas não é fácil”, alerta.

Eleita uma das 20 mulheres mais poderosas do Brasil em 2019 pela revista norte-americana Forbes, Ana Fontes prevê uma explosão no número de novos empreendimentos que serão abertos por mulheres nos próximos dois anos no Brasil, reflexo da quebradeira geral dos negócios e da alta taxa de desemprego.

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Esse cenário da crise econômica e financeira, segundo ela, afeta mais as mulheres. Os números do Rede Mulher mostram que 40% das mulheres empreendedoras perderam totalmente a receita durante a crise sanitária do Coronavírus e que praticamente 80% delas tiveram algum impacto nos negócios já existentes. “A pandemia afetou mais as mulheres.”

No bate papo, a empresária também fala sobre o Rede Mulher e a parceria com as empresas, como o Google.org, o braço filantrópico do Google, no projeto “Potência Feminina”, um programa nacional que apoiará negócios liderados por mulheres por meio de capacitação.

Ana analisou também a presença de mulheres no mercado de trabalho, a atuação das empreendedoras na nova economia brasileira e falou sobre os crescentes desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho pós-pandemia. Ela entende que o mundo corporativo tem comportamento muito hostil para as mulheres. “A saída da crise econômica, o pós-pandemia, está nas mulheres.”

Na leitura social da crise, observada por Ana, mostra-se que empreendimentos como salão de cabeleireiro, negócio de comida em casa e serviços foram as mais afetadas. Ao certo, boa parte delas não tinha reserva financeira, ou seja, não tinha como sobreviver se a renda não viesse dos pequenos negócios. Ainda mais desolador. As empreendedoras têm mais dificuldades para ter acesso ao crédito do que os homens.

Ainda na entrevista, ela avalia o impacto dos filhos em casa, que acaba gerando uma maior responsabilidade pelos cuidados domésticos. Ainda neste ponto, Ana adverte sobre o impacto que esse combo de preocupações gera na saúde emocional das mulheres, porque estão diante de um cenário de insegurança e incerteza.

Ana Fontes, que também avaliou a questão da violência doméstica, o machismo e políticas públicas, como as cotas raciais, diz que a Rede Mulher trabalha para ajudar as mulheres a construírem redes de relacionamentos e aprendizados na gestão dos negócios para uma melhor tomada de decisões.

Ou seja, quando os negócios são apoiados, o que acontece é que melhora a situação da família, a educação dos filhos, melhora o entorno dela, as conexões ajudam outras mulheres a criar um ciclo virtuoso positivo. Em suma, é fortalecer a mulher para que elas desenvolvam e aprendam habilidades no campo dos negócios. “Acreditamos no poder das mulheres ajudando outras mulheres”, conclui.