Eles são a evolução dos micros de mão. Ou, se preferir, a involução dos notebooks. Leves, finos e bonitos, têm aproximadamente o tamanho desta revista e quase tudo é tela. Por dispensarem os fios, levam a Internet aos lugares da casa onde o computador não pode chegar: no sofá da sala, no banheiro ou na varanda. Em vez do teclado e do mouse, só precisam de uma caneta especial, capaz de escrever na tela. São os web tablets, que no futuro poderão reconhecer até comandos de voz. O produto deve desembarcar no Brasil em seis meses e estreou firme em outros países, onde, especula-se, deverá representar entre 20% e 50% do mercado de laptops em poucos anos. Com o enfraquecimento das vendas de PCs, eles despertaram a atenção de grandes fabricantes. Compaq, Toshiba, Acer, Sony, Fujitsu, Sharp, Siemens e Sonicblue já desenvolveram suas máquinas.

Os tablets estão disponíveis nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia desde o ano passado ao custo mínimo de US$ 1.200. Até agora, têm sido utilizados por médicos para atualizar informações sobre pacientes, para checar dados de medicamentos, enviar a prescrição diretamente para a farmácia e ler resultados de laboratório. Estudantes podem usá-lo para pesquisar na Internet e acessar o boletim da escola. Uma evolução desses aparelhos terá a tecnologia Bluetooth, que permite a comunicação sem fio com eletrodomésticos e com o PC. ?O sistema reconhece sua letra e a converte em arquivo de texto com uma mobilidade muito maior?, explica Celso Winik, gerente da Microsoft responsável por trazer novos equipamentos ao mercado brasileiro. A empresa está desenvolvendo o Tablet PC, que foi apresentado por Bill Gates no ano passado na Comdex 2000. ?Ele é um PC completo, que pode chegar à potência de um Pentium IV?, diz Winik.

Para ele, a conexão não será problema: o sistema always on permite que o aparelho esteja permanentemente ligado à Internet. Em volume de vendas, porém, os tablets ainda estão engatinhando. O mercado global desse tipo de equipamento totalizou US$ 200 milhões no ano passado. É quase nada se comparado ao mercado de PCs, que movimentou a cifra de U$ 205 bilhões no ano 2000.

No Brasil, a IBM lançou o Transnote em abril deste ano. Ele ainda não é um tablet, mas pode ser considerado um predecessor dele. No Transnote, o usuário escreve à caneta numa prancheta, que fica do lado do monitor. O sistema, porém, não reconhece letras de mão. No produto da IBM, um programa permite que o documento seja copiado da mesma forma como foi desenhado no papel e o transforma num arquivo eletrônico. ?A idéia é ser o mais informal possível. Muitos profissionais liberais preferem escrever a digitar palavras?, diz Adriana Gibrail, gerente de portáteis da IBM. O preço, contudo, é muito salgado: R$ 11 mil. ?Nosso público é A e B?, afirma Adriana.

Alguns obstáculos terão de ser superados para que esses portáteis com tela colorida e alto poder de resolução tenham sucesso. O preço talvez seja o maior deles. A esperança dos fabricantes é que o custo acompanhe a queda de preço das telas de cristal líquido, o componente mais caro do equipamento. Além disso, o custo pode ser reduzido conforme mais pessoas comprem o produto. Para isso, todavia, será necessário que ele ofereça serviços úteis e atraentes. ?Se os portáteis não tiverem isso, pode ser que se repita com eles o que aconteceu com o WAP, que não decolou por falta de bons serviços?, diz Charles Schrijnemaekers, gerente de negócios para América Latina da Intel. A empresa tem o processador StrongARM e o Celeron, que são utilizados pela Siemens e pela Fujitsu em seus tablets.