As plataformas de investimento marcaram uma das grandes inovações no mundo das finanças nas duas últimas décadas. Elas democratizaram o acesso a produtos sofisticados antes acessíveis apenas para grandes investidores, como fundos multimercados e fundos que investem no Exterior. A XP Investimentos foi uma das primeiras empresas a apostar na compra e venda de aplicações de gestoras e bancos estrangeiros. Ela começou a funcionar em 2001 e ganhou escala até se tornar, em 2013, a maior corretora de varejo do Brasil. Cresceu na esteira do aumento da demanda, e hoje tem mais de um milhão de clientes e o Itaú Unibanco como sócio. O espaço para crescimento dessa área contribuiu para que instituições conhecidas por gerir grandes fortunas, como o BTG Pactual, também aumentassem a sua área de atuação.

Em 2016, o banco fundado por André Esteves lançou a sua plataforma, chamada BTG Pactual Digital, com aplicações mínimas de R$ 3 mil e popularizou a clientela. “O cenário está melhor do que imaginávamos. A transformação digital no Brasil tende a ganhar cada vez mais espaço”, diz Marcelo Flora, sócio do BTG. Hoje o banco tem convênio com 30 instituições emissoras de títulos de crédito, além de ofertar debêntures e fundos de previdência. As duas empresas foram premiadas nesta edição de O Melhor Banco para Você Investir. A XP Investimentos foi considerada a melhor Plataforma Digital de Varejo, e o BTG Pactual Digital foi escolhido a melhor Plataforma Digital de Varejo Seletivo. A diferença, aqui, é o patrimônio médio dos investidores (confira os critérios aqui).

Rogério Carvalho, sócio da XP Clientes mais interessados em multimercados

A queda gradativa nos juros contribuiu para que os investidores buscassem com mais afinco alternativas para garantir rentabilidades parecidas com as de outubro de 2016, quando a taxa básica de juros estava em 14,25% ao ano. “A gente tem percebido, ao longo de 2018, um aumento do interesse do investidor por fundos com mais risco, em substituição à demanda por ativos isentos”, diz Flora. “O brasileiro está mal-acostumado, ele quer o 1% mágico ao mês, mas a Selic por volta de 6,5%, frustra essas expectativas”. Nesse cenário, os fundos multimercados e de ações estão no topo da lista de preferências. Na XP, essas categorias representavam no ano passado 40% da alocação total dos clientes. “Depois do fim do processo eleitoral, o percentual aumentou gradativamente e hoje é de 70%”, diz Rogério Carvalho, Sócio e Head da Rede de Agentes Autônomos da XP Investimentos. Meio milhão de clientes acessam a plataforma de fundos, que em janeiro recebeu alocação de R$ 5 bilhões, recorde da empresa para um mês.

RELACIONAMENTO Além de democratizar o acesso aos ativos, as plataformas também educam financeiramente o cliente. Por meio de suas ferramentas tecnológicas, elas incentivam o investidor a escolher os produtos com que mais se identifica. “É prioridade deixar claras as opções e explicar qual é a volatilidade, o risco, a liquidez e o horizonte de tempo de cada produto”, diz Carvalho. Ele relembra as origens da empresa, quando o fundador Guilherme Benchimol ensinava grupos de amigos a investir na Bolsa.

Uma das táticas para tornar os produtos acessíveis é fechar acordos com as gestoras para diminuir a aplicação inicial dos fundos. “Isso gera o aumento da visibilidade dos produtos para os clientes e contempla também o objetivo das gestoras em pulverizar os investidores”, diz Carvalho. Além dos fundos, a XP oferta títulos privados, renda fixa e opções para garantir a previdência. O BTG reconhece a importância da educação financeira para aumentar o seu negócio e credita empresas focadas nesse propósito por incentivar a diversificação entre os investidores iniciantes. Para atrair esse público, o banco adota a estratégia de ofertar fundos com taxa de administração baixa, e depois incentivar a contratação de produtos mais sofisticados. “A maior demanda se concentra hoje nos fundos que oferecem liquidez”, diz Flora.