A entrada principal da sede da operadora TIM no Brasil, em um dos mais modernos prédios da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, lembra um shopping center na hora do almoço, com um intenso vai-e-vem de funcionários da companhia. E essa movimentação está, desde o ano passado, cada vez mais agitada. Mesmo em um cenário de estabilidade no número de novos clientes – já que o Brasil, com mais de 220 milhões de linhas de celulares, tem mais números ativos do que habitantes –, a companhia está crescendo em receita, em lucro e em perspectivas. “Nosso crescimento não depende apenas das receitas convencionais em telefonia, mas da proposta de oferecer aos clientes um ‘pack’ completo de serviços”, afirmou o italiano Pietro Labriola, presidente da empresa no Brasil.

No ano passado, a TIM Brasil registrou faturamento de R$ 17,3 bilhões, alta de 2,3% sobre 2018. No mesmo período, obteve lucro líquido de R$ 2 bilhões, crescimento de 32,1% em relação ao ano anterior. Embora o número de clientes com linhas de celular tenha caído nesse período, os gastos por usuário aumentaram, graças principalmente aos planos pós-pagos, como o TIM Black Família, que puxou o crescimento. O segredo do segmento Black, segundo Labriola, é a agregação de valor com parcerias com plataformas de streaming, como Netflix e Deezer (música), e serviços de backup na nuvem já incluídos no pacote. Os planos familiares responderam por 33% das vendas de pós-pagos desde o lançamento. “O pós-pago puro tem de ser um tipo de Mastercard Black. Tem de ser uma experiência, não um pacote de telecomunicação. Quem paga mais tem de ter um serviço a mais”, disse o presidente.

A operação móvel da TIM, com 55 milhões de linhas móveis, é responsável pela maior parte da receita líquida de serviços. O ARPU (receita média mensal por usuário) teve alta de 5,8%, atingindo a cifra de R$ 25,10. Isolando o pós-pago, o valor foi de R$ 47 (+6,1%), enquanto o pré-pago manteve a média de R$ 12,90 (+7,9%). “Falar e receber ligações deixaram de ser a essência do mercado de telefonia. A nova realidade é a incorporação de serviços financeiros e soluções de conectividade e mobilidade”, afirmou o executivo.

Pietro Labriola Empresa: TIM Brasil Cargo: Presidente Principal realização da gestão: aumentar faturamento, lucro e investimento em um mercado que atingiu a maturidade, com mais de um celular por habitante.

Os resultados da TIM foram impulsionados pela consolidação da empresa na liderança em cobertura 4G. A operadora terminou 2019 com 3.477 mil cidades alcançadas, das quais 1,1 mil possuem 4.5G. A tecnologia VoLTE pode ser encontrada em 3,4 mil cidades, compreendendo 93% da rede 4G da operadora, enquanto a frequência de 700 MHz está presente em 2,3 mil municípios. Outra importante frente de negócios, que a cada dia ganha mais importância em um contexto de isolamento social e crescimento do home office é a internet via fibra óptica. Os serviços fixos, mesmo antes da pandemia, viviam uma trajetória de crescimento. O ARPU do TIM Live foi de R$ 83,80, alta de 4,4% no ano.

Desde que assumiu a presidência da TIM Brasil, em abril do ano passado, Labriola tem dedicado esforços a aprimorar a qualidade dos serviços, especialmente na relação com os clientes. O próprio executivo, sem ser identificado, visita as lojas da empresa para medir o nível de treinamento dos funcionários e perceber possíveis problemas no processo de resolução das demandas dos usuários – que não são poucas. “Muitos dizem que essa abordagem não é função de um presidente. Não acredito nisso. Quando eu consigo entender a origem de determinado problema, consigo dar prioridade para a melhoria do processo. Assim, ajudo milhões de clientes de uma só vez”, afirmou Labriola. O estilo de gestão de Labriola, que acompanha com lupa cada detalhe da operação, tem ajudado a TIM a melhorar todos os indicadores financeiros – processo que faz brilhar os olhos dos investidores. No ano passado, os papeis TIM Part. (ON) tiveram valorização de cerca de 30%.

Outro termômetro da saúde financeira da TIM é a margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que passou de 40,9%, no quarto trimestre de 2018, para 42,9% no mesmo período do ano passado. Em 2019, o indicador atingiu R$ 8,3 bilhões, alta de 30,7% em relação a 2018. Com mais dinheiro em caixa, baixo endividamento e boa saúde financeira, a TIM caminha para adquirir uma fatia, junto com a Claro e Vivo, da operação de celular da Oi. Com isso, as operadoras deverão ter mais força para os investimentos na tecnologia 5G, a partir de 2021.

As melhores

1. TIM 190,00 PONTOS

2. CLARO 185,00 PONTOS

3. VIVO 154,00 PONTOS