Ao longo de 2010, o comércio bilateral entre brasileiros e chineses subiu quase 60%, contabilizando perto de US$ 35 bilhões em faturamento. E o ano ainda nem terminou. O Brasil possui identidades operacionais com a China que facilitam essa aproximação. Ambos contam com imensos mercados ainda pouco explorados. A China quer trazer mais carros para cá. O Brasil, em contrapartida, possui um celeiro de produtos agropecuários que interessa muito ao parceiro. Especialmente após a forte migração chinesa do campo para as metrópoles. São duas nações emergentes que se complementam em diversas áreas e que começam a desenvolver vários projetos juntas.

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A China tem um estilo muito próprio de fazer negócios. Seu principal atrativo é o preço. Mas, como em qualquer transação que aparentemente se mostra vantajosa demais para um dos lados, o barato pode sair caro. Tome-se o caso da indústria têxtil brasileira. Ela foi praticamente aniquilada pela invasão sem controle dos tecidos de fios especiais e custo irrisório vindos do Oriente para cá. No mercado interno, o consumidor se beneficiou do barateamento das roupas, mas o eventual fechamento de fábricas lá na frente – que pode ocorrer devido à incapacidade de sobrevivência diante das práticas escancaradas de dumping – vai comprometer empregos, salários e, por tabela, o bolso desse mesmo consumidor. Claro, a alternativa não é abortar essa escalada de parcerias que vem sendo construída entre os dois países. Mas disciplinar a relação. Reavaliar regras de controle das importações. A China, apesar do crescimento acelerado que vive de maneira ininterrupta desde os anos 80, encontra regimes muito mais rígidos do que no Brasil para lançar seus produtos. Relacionar-se com ela comercialmente é inevitável – e até desejável –, mas o cuidado com a qualidade dessa relação é fundamental. Do contrário, o País corre o risco de ser engolido pelo tigre.