O empreendedor potiguar Gabriel Ranyer, a secretária paulista Gislene Silva e a contadora paranaense Evelise Ferreira de Souza são exemplos de profissionais que, diante de desafios na carreira, decidiram se reinventar – sem necessariamente deixar a área em que já atuavam.

A contadora Evelise, 46 anos, já ouviu falar que sua profissão corre risco de desaparecer. Ela admite que, na hora de fechar balanços, basta digitar os números nas planilhas para que as contas apareçam prontas, em questão de segundos.

Dona de um escritório em Curitiba, que atende principalmente pequenos empreendedores, ela diz ter se tornado uma espécie de consultora financeira a esses empresários. “Eu vou, sento, converso, viro uma espécie de terapeuta.”

Uma das características do empresário brasileiro que ela luta para combater – e que um computador jamais seria capaz de controlar – é a mistura indevida da conta pessoa jurídica com a da família. “Automatizar pode ser fácil no papel, mas a realidade às vezes é outra”, diz.

Aos 21 anos, Gabriel Ranyer olha a Avenida Paulista de cima, como sócio de uma empresa instalada em um dos endereços mais famosos do País. Para chegar à posição de empresário tão cedo, decidiu desafiar padrões estabelecidos. E um dos caminhos que decidiu trilhar seria o horror de qualquer pai: a opção de não fazer um curso superior.

Aos 16 anos, após fazer um curso da Junior Achievement em Natal, começou a trabalhar na Blue Eye, uma empresa que chegou a participar de eventos como o Startup Brasil, ainda antes de poder tirar carteira de motorista. Apesar de o negócio não ter dado certo, ele seguiu no mundo do empreendedorismo ao ir trabalhar na Find Me.

Nos últimos dois anos, ele ajudou a transformar a empresa de monitoramento, que mudou de área de atuação e se especializou em soluções de tecnologia para a área de segurança patrimonial. Com o êxito, voltar aos bancos escolares continua longe dos planos de Gabriel. “É preciso saber o que se quer. E eu quero me qualificar na prática.”

Gislene, de 36 anos, trabalhava na área administrativa quando foi convocada por um ex-patrão para ser sua secretária. Mudou de área no susto – e se viu em uma atividade que, segundo especialistas, poderá sofrer com a automatização de funções na próxima década.

Na nova profissão, Gislene passou a trabalhar ao lado de tomadores de decisão. E está disposta a tudo para garantir que o presidente da agência de publicidade onde hoje trabalha tenha exatamente tudo o que deseja.

Uma das tarefas de Gislene foi conseguir que o patrão fosse aceito em um clube em que os títulos são vendidos só por indicação. Para garantir o acesso ao chefe, ela foi até a porta do clube e conseguiu fazer amizade com quatrocentões paulistanos. E cumpriu uma tarefa que robô nenhum seria capaz de dar conta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.