O executivo americano Richard Perez, preso ao tentar embarcar rumo ao México com US$ 80 mil em espécie, recebeu uma boa e uma má notícia no final da semana passada. A boa: finalmente o juiz definiu uma fiança para sua libertação. A má: o valor estipulado é de R$ 300 mil. Agora seus advogados procuram formas para obter o dinheiro, já que, segundo eles, Perez tem suas economias guardadas nos EUA, onde mora e trabalha como vice-presidente da MCI, a gigante das telecomunicações. ?A fiança foi rigorosa demais, assim como a aplicação da lei neste caso?, diz Marcio Barandier, um dos defensores de Perez. Ao que tudo indica, o valor da fiança de Perez, seria uma forma de ganhar tempo para que a investigação sobre suas atividades e sua rede de contatos no Brasil seja aprofundada.
Perez é conhecido por sintomático apelido de shadow (sombra, em inglês) entre os executivos de telecomunicações no Brasil. Antes de conclusões apressadas, é bom esclarecer: Ao comprar o controle da Embratel, há cerca de 2 anos, a MCI decidiu colocar executivos da matriz trabalhando em conjunto com os diretores da ex-estatal. O objetivo era conhecer a empresa e o mercado brasileiro, sem os tradicionais tropeços na transição.

Perez era o shadow de José Luiz Rivera Moreira, diretor de engenharia da Embratel. Aí começam as coincidências. Rivera, como é conhecido no mercado, deixou a empresa dois dias antes da prisão de Perez. Sua saída, segundo press release divulgado pela Embratel, teria sido resultado de uma reestruturação em sua área. Rivera diz que se despediu do emprego por iniciativa própria. ?Com a reformulação faltou espaço?, diz ele.

No mercado, porém, comenta-se que Rivera teria sido demitido juntamente com outros profissionais da Embratel em função de favorecimento de fornecedores. Além de Rivera, são citados Luiz Lapa e a secretária de Rivera, Regina. Curiosamente, depois de DINHEIRO solicitar informações sobre a saída de Rivera, a assessoria de imprensa da Embratel retirou o press release de sua página na Internet. Rivera é um sujeito bem relacionado. Há 5 anos na Embratel, ele foi indicado pelo deputado federal Arolde de Oliveira (PFL/Rio de Janeiro). ?O Rivera é nosso amigo?, diz Paulo Vieira, chefe de gabinete de Oliveira. A Polícia Federal continua investigando o caso. Seu foco, porém, parece estar inteiramente voltado para a questão de evasão de divisas. ?Queremos saber por que ele queria levar U$ 80 mil para fora do País?, diz um agente da PF. No mais recente depoimento à polícia, Perez manteve a versão sobre o caso. Segundo ele, o dinheiro vinha sendo guardado para a compra de um apto, em virtude de suas constantes viagens ao Brasil. Como seu chefe prometera uma promoção que não exigiria tantas viagens ao território brasileiro, ele desistiu da aquisição.