Osetor imobiliário foi um dos que mais se beneficiaram do boom da Bolsa de

Valores de São Paulo (Bovespa). As empresas desse segmento protagonizaram um de cada cinco IPOs feitos desde 2006. A fase de capitalização está chegando ao fim. Agora, ao que tudo indica chegou a vez da consolidação. E a compra da Setin Empreendimentos Imobiliários pela Klabin Segall, ocorrida na segunda-feira 16, promete ser apenas o pontapé inicial desse processo que promete levar muitas ?noivas ao altar?. Primeiro porque as grandes companhias estão com o caixa forrado. Nos últimos três anos elas amealharam R$ 11 bilhões apenas com a venda de ações. Segundo porque seus gestores sabem que num segmento extremamente pulverizado, o caminho mais rápido para fortalecer a musculatura é via aquisição. Terceiro porque em um mercado em franca expansão, se dá melhor quem atua em larga escala.

Nesse contexto, pode-se dizer que a opção da Klabin Segall, cujo portfólio de terrenos projeta uma receita potencial de R$ 4,4 bilhões, não foi fruto do acaso. Fundada em 1980 pelo arquiteto Antonio Setin, a Setin Empreendimentos explorou diversas vertentes. Fez sobradinhos na periferia de São Paulo. Construiu hotéis, para a francesa Accor, e foi pioneira nos prédios ecologicamente sustentáveis para a classe média.Mas seu DNA está impregnado pelas classes C e D. Parcelas com hábitos e necessidades específicas e que deverão puxar o crescimento do setor daqui para a frente. Razões para isso não faltam. Esse contingente representa a maior fatia do déficit habitacional brasileiro, calculado em 7,8 milhões de moradias. A dilatação do prazo dos contratos, para até 30 anos, e a abundante oferta de crédito já estão servindo de combustível. Prova disso é que os financiamentos com dinheiro da caderneta de poupança, que atende basicamente esse público, bateram o recorde de R$ 1,85 bilhão em setembro.

R$ 11 milhões é quanto as empresas amealharam com o lançamento de ações na Bovespa

Mas também não se pode dizer que Antonio Setin tenha saído no prejuízo. Muito pelo contrário. Nascido de família pobre, seu primeiro emprego foi como ajudante de marcenaria. Quando terminou a faculdade de arquitetura ele decidiu seguir carreirasolo. Reuniu as parcas economia e apostou na reforma e construção de casas populares. Agora, o empreendedor emerge como sócio minoritário (com 9,25%) de Sérgio Klabin Segall, que fez sua trajetória na faixa oposta do mercado: o alto padrão.