Como os pães que fabrica, os negócios da Wickbold Indústrias Alimentícias misturam bons ingredientes: grandes pitadas de coragem e uma porção generosa de conhecimento do mercado. A receita garantiu à marca, criada há 63 anos pela família Wickbold, uma sólida posição na área de pães industrializados do Brasil. Nos últimos cinco anos, as vendas foram multiplicadas por seis e, em 2001, o faturamento deverá chegar a R$ 164 milhões, quase 25% das vendas do setor no País. Apesar da situação privilegiada, a companhia não pretende se acomodar. Motivo: a concorrência da mexicana Bimbo, que promete uma ofensiva feroz. A terceira maior indústria de panificação do mundo acaba de adquirir do grupo Bunge por US$ 65 milhões a Plus Vita e a Pullman.

Para enfrentar a concorrente, a Wickbold está se movimentando: começa a construir uma fábrica no Rio Grande do Sul, se prepara para alcançar o Mercosul e vai ampliar a atuação em segmentos como os de pães do tipo bisnaguinha, hot-dog e hambúrguer. Para Henrique Wickbold, diretor e neto de Edilberto, o fundador, a disputa com a Bimbo terá pelo menos uma vantagem. ?Ela acontecerá principalmente entre produtos de qualidade, ao contrário do que ocorreu no passado, quando várias empresas trabalhavam com margens próximas de zero, o que tornava a briga muito desleal?, afirma. A quarta unidade da empresa será instalada em Porto Alegre, cidade considerada estratégica pela proximidade com a Argentina e o Uruguai. Estão sendo aplicados US$ 10 milhões para acionar os fornos da nova fábrica. ?Com a ampliação da produção, nossas receitas poderão crescer em até 15%?, afirma Henrique. De 1996 para cá a empresa já gastou US$ 42 milhões na compra de máquinas, ações de marketing e na construção de uma fábrica no Rio de Janeiro.