Massa, molho de tomate e… algoritmos! Esses são os principais ingredientes da Domino’s, maior pizzaria do mundo, presente em 90 países com 19,2 mil unidades e que em 2021 faturou US$ 4,3 bilhões. No Brasil, a operação tem 310 lojas — dois terços franqueadas —, com faturamento de R$ 500 milhões ano passado, o que representa 2,2% da receita global. O plano da companhia para o Brasil é dobrar sua atuação e atingir 650 estabelecimentos até 2025. Assim, a empresa que está no País desde 1993 pretende atingir em três anos os resultados conquistados em quase três décadas.

Para isso, vai investir R$ 250 milhões em um projeto que inclui mudança no formato das lojas, que serão menores, conversão de bandeiras e — obviamente — um de seus principais produtos: tecnologia. O crescimento de digitalização e de tecnologia embarcada ocorrem na operação e na análise de dados. É hardware, software e processos implementados dentro de um sistema produtivo, comandado por Fernando Soares, CEO da Domino’s Pizza Brasil, que pertence ao fundo de investimentos Vinci Partners.

Uma frentes da Domino’s para acelerar a expansão é alterar seu modelo de negócio. Primeiramente montar lojas mais enxutas, sem amplas áreas de salão para consumo local, que são apenas entre 20% e 30% das vendas. Com isso, reduz o valor do investimento inicial, principalmente para franquias. Outra iniciativa é observar melhor as pizzarias já existentes no Brasil ­­— são 112 mil, segundo a Associação Pizzarias Unidas do Brasil (Apubra) — para converter outras bandeiras para a marca. Assim, diminui a concorrência em um setor disputado, em que as pizzarias de bairro têm forte presença em seu raio geográfico de atuação, com relação próxima aos clientes.

O terceiro ponto do plano envolve inovação. E são várias ações feitas pela Domino’s. A companhia tem investido cada vez mais em melhorias dos processos, tudo mensurado por dados. O tempo entre o pedido do cliente — por telefone, aplicativo ou site — e a pizza entrar no forno não pode ultrapassar três minutos. Depois de assada, são 15 segundos para cortar e fechar a caixa. Como padrão, a entrega não deve superar 25 minutos. Para executar bem todas essas etapas é fundamental o treinamento dos colaboradores. Para isso a empresa tem cursos EAD voltados para proprietários, gerentes, pizzaiolos, ajudantes e até entregadores, com material didático on-line e prova de certificação.

EXPANSÃO Agora, a Domino’s tem avançado em três projetos, nenhum deles inédito, mas que em uma rede que deve chegar a 650 unidades nos próximos três anos fazem a diferença na agilidade entre o pedido e a entrega. Um deles é o call center que já funciona em sistema piloto em algumas pizzarias próprias da marca. Eduardo Ribeiro, diretor comercial da Domino’s Pizza Brasil, diz que “o objetivo é que tenhamos uma tecnologia embarcada para atender os pedidos de todas as lojas e o time de loja totalmente focado na produção”. O segundo projeto é o Domlivery, um aplicativo proprietário para entregadores trabalharem para a marca em determinados dias e horários, a depender da demanda. As contratações podem ser em uma sexta-feira, das 19h às 21h, somente. Bom para a loja, que maximiza sua força de trabalho com menos custos, e bom para o entregador, que vai trabalhar naquele período com taxas de remuneração competitivas, em curtos trajetos, segundo Ribeiro. A Domino’s também tem motoboys fixos contratados por CLT e parceiros de agregadores como iFood e Rappi.

A terceira iniciativa recente da rede é a mudança no cardápio, em que o cliente escolhe os sabores, ao melhor modelo ‘monte sua pizza’. A possibilidade de colocar o recheio que desejar está presente há anos no menu de centenas de pizzarias. A diferença é que o modelo da Domino’s facilita essa escolha com sugestões de ingredientes aos clientes, com gramaturas ideais calculadas de acordo com a combinação, oferecidos a partir de inteligência artificial que analisou o consumo e o comportamento dele em pedidos anteriores. “Estratificamos e usamos cada vez mais dados de comportamento de consumo”, afirmou o diretor comercial. Sabe-se, por exemplo, que 37% das pessoas tiram cebola da pizza de calabresa. E na região nordeste, o consumo de frango desfiado com queijo cremoso é maior do que em outras localidades. “Por que já não adiantamos isso para quem deseja?”, disse Ribeiro. Nessa jornada, a Domino’s se torna cada vez mais uma empresa de tecnologia que vende pizza.