O avanço da vacinação no mundo começa a surtir efeito e muitos países já desaceleram protocolos sanitários: o fim do uso de máscaras em locais abertos e fechados, a queda da limitação ao público em bares e restaurantes, além do fim da necessidade de apresentar um certificado de vacinação são itens que começam a desaparecer do horizonte de países em que a imunização é maior.

A Itália, por exemplo, é um desses países que já não exige mais o passaporte vacinal para quem tomou a terceira dose ou está com o esquema vacinal completo. A máscara ao ar livre é facultativa e eventos públicos, como jogos de futebol, deverão contar com 75% da capacidade a partir de 1° de março.

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Esquema parecido segue a França, que vai derrubar o uso da máscara em lugares fechados, apesar de manter a regra nos transportes públicos e locais em que o passaporte de vacina é obrigatório. A mudança deve acontecer no dia 28.

País nanico na Europa, porém com um dos maiores IDHs do planeta, a Dinamarca conta com 85% da população completamente vacinada e uma taxa de letalidade que não ultrapassa 0,22%. O resultado: todos os protocolos foram abandonados.

Taxas de vacinação entre uma e duas doses no mundo
Taxas de vacinação entre uma e duas doses no mundo (Crédito:Our World in Data)

No Brasil, o total de vacinados com duas doses ou dose única chega a 71,43%, o equivalente a 153 milhões de pessoas, segundo dados oficiais. Apesar disso, o número de vacinados com terceira dose é baixo, de apenas 27% (58 milhões) e cientistas acreditam que o poder de desinformação e a campanha anti-vacina estão gerando um recuo nas taxas de vacinação, sobretudo entre as crianças – somente 35,89% dos pequenos entre 5 e 11 anos tomaram a primeira dose.

Estados como Amapá e Roraima apresentam índices pífios: 43,13% e 44,38%, respectivamente, da população vacinada com duas doses. São Paulo, que se intitula a capital da vacina, mais de 80% da população está imunizada.

De pandemia para endemia

Em março de 2020, após negar que a Covid-19 era um problema de saúde no mundo inteiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aceitou que a situação real era de uma pandemia. E isso aconteceu após um mês de caos em Wuhan, na China, e um fevereiro aterrorizador nos países europeus, que começaram a ver o número de internados e mortos crescer em progressão geométrica. Bom, o Brasil ainda se permitiu viver um período de carnaval e, logo em seguida, as UTIs colapsaram.

Com o ritmo de desaceleração do vírus nesta fase da pandemia, o mundo pode entrar no que se chama de endemia, quando uma doença é comum em certas regiões, tem um certo número de mortes que já é esperado e apresenta alguns períodos de surto. Ou seja, o vírus (ou a doença) apresenta comportamentos previsíveis e as autoridades de saúde sabem como diminuir os impactos dele entre a população – como uma gripe sazonal.

A OMS, por exemplo, já acredita que o avanço do maior número possível de vacinados e a baixa incidência da doença podem apresentar o fim da pandemia e a entrada do período de endemia. Foi o que destacou em janeiro, no Fórum Econômico Mundial, o diretor do Programa de Emergências em Saúde da OMS, Mike Ryan.

Até lá, a Ômicron terá de perder força e as taxas de transmissão precisam diminuir ainda mais. Se nenhuma nova variante surgir e agir na contramão das autoridades sanitárias, o mundo poderá, enfim, respirar sem medo de se contaminar.