Em 2020, a indústria brasileira movimentou R$ 1,3 trilhão e respondeu por 20,4% do PIB. Ainda que relevante, o volume representa redução de 3,5% em relação a 2019. A queda no ano é explicada majoritariamente pelas medidas de proteção contra a Covid-19. Mas, caso o setor queira manter sua representatividade na era pós-pandêmica, terá que ajustar seu modelo produtivo para incluir as melhores práticas de ESG. A pressão vem do capital e dos consumidores. Segundo pesquisa da Union + Webster, 87% dos brasileiros já preferem comprar de empresas sustentáveis. A Natura foi uma pioneira nessa abordagem. E acaba de ser reconhecida como a grande vencedora do Prêmio ECO Amcham, entregue a companhias com as melhores práticas ESG pela Câmara Americana de Comércio em São Paulo. O grupo Natura&Com, formado por Natura, Aesop, Avon e The Body Shop, ocupa a primeira colocação na categoria Empresas de Cuidados Pessoais na lista das companhias mais sustentáveis do mundo do 17o ranking Global 100, da Corporate Knights. Em 2020, o grupo anunciou investimento de US$ 800 milhões em iniciativas verdes até 2030. O último ano marcou também o fim do primeiro ciclo de ambições do projeto Visão 2050, traçado em 2014, que estabeleceu compromissos para a Natura se tornar geradora de impacto positivo. Uma das metas alcançadas foi a equidade de gênero de cargos de diretoria. “Superamos metas importantes de negócio e, ao mesmo tempo, avançamos em temas estratégicos”, disse João Paulo Ferreira, presidente da Natura e CEO do grupo Natura&Co.

Redução de emissões É de se esperar que uma companhia voltada para os cuidados com o corpo e que usa matérias primas extraídas da natureza seja um exemplo na preservação do meio ambiente. Mas a Natura não está sozinha. Mesmo setores mais áridos como o de papel e celulose estão fortalecendo suas ações socioambientais com investimentos e certificações. O resultado dessas iniciativas aparece, também, em fortalecimento de marca. É o caso da Klabin, única empresa brasileira a ser convidada para integrar o COP26 Business Leaders, grupo responsável por engajar o setor privado no tema mudanças climáticas na 26ª Conferência das Partes da ONU, a ser realizada em novembro em Glasgow (Escócia). O compromisso com a definição de suas metas alinhadas com a Science Based Targets Initiative teve peso relevante para esse reconhecimento da COP. Pelo compromisso, a companhia reduzirá o volume em 25% até 2025, e em 49% até 2035.

IMPACTO POSITIVO Em 2020, a Natura anunciou US$ 800 milhões em iniciativas verdes ao longo da década. Proteger as comunidades de sua cadeia produtiva é um dos focos. (Crédito:Pedro Martinelli)

O plano para bater a meta é complexo. A principal iniciativa é a Agenda Klabin 2030, composto pelos Kods (Objetivos Klabin para o Desenvolvimento Sustentável) para curto (2021), médio (2025) e longo prazos (2030). Entre eles, há o compromisso de reduzir em 20% o consumo de água industrial e garantir uma matriz energética de, no mínimo, 92% renovável em uma década. Outro ponto crucial é o cuidado com a floresta. Hoje a Klabin equilibra 258 mil hectares de floresta plantada para fins industriais com 248 mil hectares de áreas nativas. Para Júlio Nogueira, gerente de Sustentabilidade e Meio Ambiente da Klabin, o maior sinal de que a empresa está no caminho certo aparece na governança. “A Klabin está na carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3 desde 2014 e ingressou na carteira Mundial e de Mercados Emergentes do Índice Dow Jones de Sustentabilidade.” Ao usar recursos da natureza com propósitos comerciais e industriais de forma responsável, empresas como Natura e Klabin passam a integrar a bioeconomia, mercado que pode agregar US$ 53 bilhões ao PIB brasileiro em 20 anos segundo a Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI).

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“A Klabin está na carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3 desde 2014 e ingressou na carteira Mundial de Mercados Emergentes do Índice Dow Jones de Sustentabilidade” Júlio Nogueira Gerente de Sustentabilidade e meio ambiente da Klabin.

Boas práticas ESG também estão no DNA de multinacionais como a Toyota. A montadora que surpreendeu o mercado em 1997 ao lançar o Prius, primeiro carro híbrido com produção em massa no planeta, assumiu um compromisso global com a sustentabilidade em 2015. No mesmo ano em que a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a empresa lançou o Toyota Environmental Challenge 2050, com medidas de redução no consumo de recursos e de emissões de gás carbônico.

A subsidiária brasileira da marca tem feito sua parte, com projetos de proteção de nascente e recifes de corais. Sem falar na tecnologia de carro híbrido com etanol, projeto brasleiro lançado em 2019. “As propostas de ações alinhadas ao ESG devem envolver toda a cadeia de valor”, disse Viviane Mansi, diretora de Sustentabilidade da Toyota. “No caso da indústria, significa olhar até a sua contribuição com a sociedade.”

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