Não é nada novo dizer que estamos em constante evolução, as mudanças no planeta e na sociedade fazem com que cada geração tenha ações diferentes das anteriores, com pensamentos e comportamentos que os distinguem. Com isso, temos as necessidades de colocar os semelhantes dentro das mesmas caixinhas ­­— quem nasceu entre 1946 e 1964 categorizamos como os baby boomers, eles ingressaram no mercado de trabalho por volta de 1970 e hoje são dos principais alvos de campanhas de marketing e publicidade. Por outro lado, a geração Z são os nascidos entre 1995 a 2010, ou os nativos digitais, porque já nasceram com a internet como parte das suas vidas. Esses grupos, bem distintos, são os dois principais perfis que no Brasil estão impulsionando o turismo, segundo estudo encomendado pelo Google à Offerwise: a atividade aumentou em 10% neste ano, graças ao aumento de demanda dessas duas gerações nas classes C, D e E. Foram entrevistados 1 mil brasileiros com idade a partir de 18 anos, viajantes habituais ou que pretendem viajar neste ano.

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“Com as novas gerações, o desafio do empresário é estar muito atento ao cliente nas mídias sociais” Mariana Aldrigui pesquisadora em Turismo na USP.

O aumento do interesse em viagens é puxado por um grupo específico de brasileiros que, há três anos, não tinham o hábito de viajar, mas alimentaram essa vontade durante a pandemia e, neste ano, planejam pegar a estrada (+14%). A Geração Z representa a maioria, sendo 28% desses viajantes, mas também é a faixa etária que representa uma fração bem menor entre o grupo de viajantes habituais (15%), mostrando tanto uma oportunidade quanto uma mudança de comportamento. Já os baby boomers, ou maiores de 65 anos, também se destacam. Correspondendo a 7% dos novos viajantes, são apenas 3% dos turistas recorrentes. Para Mariana Aldrigui, pesquisadora em Turismo na USP, já se esperava o resultado quando se trata das novas gerações, chegando aos 20, 30 anos ­— etapa que traz uma combinação de energia, disponibilidade e renda para realizar as viagens. Mas não se trataria apenas de comportamento de consumo. Há muita relação direta com a fonte de informação deles para a realização das viagens. As novas gerações são impactadas principalmente por redes sociais, influenciadores e amigos. “O grande desafio do empresário é estar muito atento ao seu consumidor”, disse Mariana. Ações básicas de atuação no mundo digital, como estar presente em redes como Instagram, Tiktok e Youtube, são essenciais.

O estudo revelou também a importância das classes C, D e E no reaquecimento do turismo brasileiro. Quatro em cada cinco novos viajantes (82%) pertencem a esses grupos. Entre os viajantes recorrentes, as pessoas com esse perfil socioeconômico são menos da metade (41%). Boa parte dos novos turistas é formada por moradores das regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte. Claro que boa parte desse interesse é uma necessidade de retomada pós-pandemia. Tanto do mercado, que praticamente quebrou durante o período, quanto das pessoas. Mesmo com uma retomada considerável, a perda de poder aquisitivo e o aumento de custos fizeram com que alguns viajantes habituais pré-pandemia deixassem de viajar.

BOOMERS DE VOLTA Além do público jovem (nascidos entre 1995 e 2010), outra faixa que se destaca na pesquisa é o de pessoas acima de 60 anos, geração nascida entre 1946 e 1964. (Crédito:Istock)

O Google também apresentou outras tendências do turismo com base em dados de buscas no País. A procura por viagens mais curtas e em distâncias menores aumentou nos primeiros meses de 2023 e as consultas por viagens de três dias cresceram 130% em relação ao mesmo período de 2022. No mesmo intervalo, houve alta de 156% nas buscas por rotas de até 250 km. Já as rotas com mais de 3.500 km caíram 77%. Mariana também destaca esses aumentos das viagens por trajetos mais curtos e modalidades mais baratas, como viajar para uma cidade próxima de carro aos fins de semana, principalmente nas classes menos privilegiadas. “Vamos ter produtos para todo tipo de segmento”, afirmou. Para Débora Bonazzi, head de negócios para o segmento de Viagens do Google Brasil, “as viagens terrestres são a bola da vez”. Segundo dados da DeÔnibus, marketplace de vendas de passagens rodoviárias, a compra de bilhetes pela geração Z saltou de 18% para 31% entre 2019 e 2023. Geração Y/millenials (nascidos entre 1981-1995) foi a que mais perdeu espaço nas vendas on-line. O CEO e cofundador da DeÔnibus, Breno Moraes, disse que grande parte das pessoas da geração Z já está no mercado de trabalho. “E o futuro do setor vai ser ditado por esse público.”