Ela perdeu o pai ainda menina. Aprendeu com a mãe a nunca olhar para trás, preservando o otimismo e sempre buscando maneiras de agir de forma positiva. Hoje, os eninamentos maternos provaram ser decisivos para a executiva Ana Karina Bortoni Dias, tanto na gestão de sua vida pessoal quanto nos desafios diários que enfrenta no comando do banco BMG. Entre seus compromissos inadiáveis, está o de dedicar um tempo da agenda diária para si mesma. Quando não está desempenhando suas funções no mais alto posto do Banco BMG, Ana Karina aproveita suas horas livres para ir à academia, ao cinema com o marido e a filha e curtir a família. Você pode se perguntar onde ela encontra tempo para realizar todas essas atividades, mas essa é uma das qualidades da liderança feminina.

O estereótipo grey hair (grisalho, que indica um homem de meia idade) como o ideal para presidentes de grandes empresas sempre esteve presente numa sociedade machista. Mas existem mulheres que encararam os desafios, superaram os obstáculos e conseguiram construir uma carreira vitoriosa.

É o caso de Ana Karina. Hoje aos 47 anos, ela ocupa o cargo mais alto dentro da instituição financeira e sem perder a feminilidade. Membro do conselho de administração e CEO do BMG, a executiva acredita que suas habilidades combinam com a empresa que, por sua vez, abre espaço para que as mulheres progridam dentro da empresa. Prova disso é que dos dez conselheiros do banco, quatro são do sexo feminino. E mais: entre os três membros independentes, duas vagas são ocupadas por mulheres.

Ana Karina afirma que no BMG a diversidade vem sendo discutida em todos os aspectos. Segundo ela, existem algumas ações temáticas dentro da instituição cujo objetivo principal é diminuir o abismo entre homens e mulheres. Além disso, outras questões de diversidade, não apenas de gênero, também são tema de reflexões constantes. “Nós não estamos perfeitos, mas temos todos esses assuntos como preocupação central”, diz a executiva. “Por isso, achamos importante discutir esses temas na empresa”.

RESPEITO Como grande parte das mulheres, Ana Karina já passou por situações constrangedoras no local de trabalho. “Minha carreira foi construída, majoritariamente, em espaços masculinos. Em diversas reuniões, eu era a única mulher na sala”, conta. “Mesmo num ambiente que valoriza e acredita no potencial da mulher, esse tipo de situação existe. É triste”, afirma ela, que nunca se deixou abater. Mestre em Química pela Universidade de Brasília, conduziu projetos no Centro Brasileiro de Serviços e Pesquisas em Proteína.

Porta de entrada: Ana Karina (à esq.) e uma agência do banco: questões de diversidade, para além de gênero, são debatidas de forma permanente. (Crédito:Beto Novaes)

Em 2003, iniciou sua jornada na Mckinsey, empresa de consultoria organizacional americana. Sete anos depois, tornou-se sócia da companhia, após se especializar em projetos no segmento de finanças. Seguiu trabalhando duro, até ser nomeada, em março do ano passado, presidente do Conselho de Administração do BMG. No banco, Ana Karina é inspiração para os colaboradores e assume que a influência de um líder é uma de suas características no gerenciamento de equipes. “O líder tem dois papéis: inspirar pessoas e traçar o caminho da empresa. Mas não fará isso sozinho. Tem de haver uma equipe qualificada para ajudá-lo”, declara. “O líder tem de ser um mentor, uma espécie de coach. E também precisa contribuir para o desenvolvimento da sua equipe.”

Para Ana Karina, independentemente do cargo que ocupe, todo profissional deve saber o que é importante para si e tentar mudar sua rotina para conciliar vida pessoal e profissional. “Você não consegue abraçar o mundo, mas pode ser objetivo, escolher suas batalhas, focar nisso e fazer o que acredita”, afirma a executiva. Com essa convicção, ela chegou ao posto mais alto do Banco BMG. Uma mulher, mãe, filha e esposa que conquistou tudo o que sonhava — e se esforça para dar a mesma chance a outras mulheres.