Compartilhou, ganhou. Curtiu, ganhou. Juntou, trocou. O que à primeira vista pode parecer apenas a mecânica de uma ação promocional baseada na recompensa e na fidelização de clientes é, na verdade, uma aposta inovadora na maneira como os consumidores se relacionam com as marcas — e, principalmente no uso, ainda bastante limitado, de uma criptomoeda para transações no varejo. “As principais criptos não têm usabilidade no dia a dia para a grande massa. Esse será o nosso diferencial”, afirma o administrador e empreendedor Pedro Alexandre, CEO e um dos sócios da plataforma Wiboo, o ecossistema onde nasceu a moeda virtual Wibx. Para garantir que ela tenha a usabilidade que falta às concorrentes, a ideia é permitir que a moeda não apenas circule de forma ampla como abasteça a conta do cliente sem que ele precise pagar por isso. Como? Premiando com Wibx consumidores que compartilharem campanhas das mais diversas marcas em suas redes sociais. Ao se cadastrar na plataforma, quem hoje ganha apenas likes passará a ganhar dinheiro. Primeiro, na forma da criptomoeda Wibx, que irá diretamente para a sua carteira virtual. Depois, o bônus poderá ser trocado por produtos e serviços de sua preferência em um marketplace exclusivo – ou mesmo por moeda corrente ou outras criptomoedas em corretoras. É o sonhado ganha-ganha. Ganham os clientes, ganham as marcas.

“O número de brasileiros que tem dedicado tempo e atenção aos programas de fidelidade é cada vez maior”, diz Marina Pechlivanis, estrategista de posicionamento e conselheira da Wibx. “Dados da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização mostram um aumento de 25% na adesão a programas desse tipo apenas no último ano, no Brasil”, afirma, antes de definir o ecossistema Wiboo como um upgrade dos programas de fidelidade. “É um novo paradigma no marketing de recomendação: você não paga nada para ter o benefício, pois acumula Wibx conforme compartilha conteúdos das marcas”, diz.

E não é só. Por sua elasticidade, moeda também vale para as marcas comprarem espaços na mídia, fazerem novas ações promocionais, lançamentos de campanhas e locação de lojas virtuais no ecossistema Wiboo, entre outras possíveis transações.
A tecnologia empregada no Wibx é nacional e foi desenvolvida em São José dos Campos, cidade que é o equivalente paulista do Vale do Silício, guardadas as devidas proporções. Um acordo de cooperação técnico-científica com a Fundação Casemiro Montenegro permite à plataforma Wiboo contar com o apoio de um núcleo de pesquisa e desenvolvimento avançado, o STAMPS (sigla para Soluções Tecnológicas Aplicáveis a Mídias e Produtos Sociais). O desenvolvimento ocorre dentro do GPES (Grupo de Pesquisa em Engenharia de Software), um dos braços do ITA (Instituto Tecnológico Aeronáutico). “O projeto STAMPS representa uma cooperação para investigação de linhas de pesquisa que envolve, entre outras tecnologias, inteligência artificial, blockchain, computação quântica, e internet das coisas”, afirma Carolina Nakaoski, economista e sócia da Wibx. O programa foi criado para aumentar a eficiência dos negócios a partir de uma metodologia da Reitoria de Pós-Graduação do ITA. O objetivo é gerar intercâmbio de melhores práticas entre o mercado e a academia. Um dos resultados dessa parceria é a criptomoeda proprietária desenvolvida para uso em massa que já está em fase de ICO (Initial Coin Offering, ou oferta inicial de moeda, na sigla em inglês). O período de captação, iniciado em novembro, vai até 26 de fevereiro. Estão sendo ofertadas quatro bilhões de unidades da Wibx e a previsão é captar US$ 50 milhões.

O projeto é apoiado por conselheiros de peso, como Felipe Prata, sócio da gestora de recursos Nest Asset Management, e a dupla Caio Mesquita e Felipe Miranda, sócios da consultoria Empiricus. A assessoria jurídica é do escritório Falsberg Advogados. Para dar início à operação, a startup paulista consumiu R$ 5 milhões em investimentos. O pulo do gato – no caso, da rã, mascote representada na marca da empresa – está em usar o poder de persuasão dos influenciadores digitais. Eles serão remunerados por usar suas próprias redes sociais para divulgar produtos, ofertas e promoções. “Se o lojista conseguir que os clientes façam a divulgação de seus produtos, isso se configura em um marketing altamente eficiente”, diz André Miceli, coordenador do MBA de Marketing Digital da Fundação Getúlio Vargas. “É tudo o que o varejista precisa.” O site onde essas transações irão ocorrer ainda não está no ar, mas duas redes (uma de restaurantes e outra de salões de beleza) já sinalizaram interesse em remunerar com Wibx clientes que atuarem como influenciadores. Os sócios também estão prospectando shopping centers e até empresas na África. Se tudo der certo, essa moeda poderá mudar para sempre a forma de planejar ações de engajamento digital, ativação de vendas e fidelização de consumidores. Com todos ganhando, claro.