O atraso intencional na divulgação dos dados referentes ao desmatamento da Amazônia pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão oficial do governo, colocou o Brasil em uma situação vexatória perante toda a comunidade internacional: o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, mentiu descaradamente ao usar o palco da COP-26 para anunciar que o desmatamento na Amazônia havia caído 5% no último ano.

O documento, que historicamente é divulgado antes do encontro dos líderes globais, veio a público somente após o fim da cúpula com o número verdadeiro. Os dados oficiais apontam 13.325 km2 de áreas desmatadas, 20% a mais do que no período anterior e o maior índice desde 2006. Em coletiva de imprensa, o ministro afirmou que “o governo não omitiu nenhum dado, foi o Inpe que se ‘esqueceu’ de divulgá-los”.

O Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial, porém, apontou que o ministro estava mentindo de novo. De acordo com a entidade, o relatório estava pronto desde o dia 27 de outubro, três dias antes da abertura do evento em Glasgow.

Naquele mesma quarta-feira, informou a entidade, o texto foi registrado como sigiloso no Ministério de Ciência e Tecnologia pelo diretor do Inpe, Clézio de Nardin. Tudo com conhecimento de Joaquim Lopes e com aval do seu chefe, Jair Bolsonaro.

Evandro Rodrigues

(Nota publicada na edição 1251 da Revista Dinheiro)