A escolha não foi de apenas uma e sim de três diferentes premiações. A revista nova-iorquina Wine Enthusiast, que promove o Wine Star Awards, concedeu o título de Vinícola Europeia do Ano 2020 à Domaines Paul Mas. Já o de Melhor Produtor da França foi dado pelos jurados do 26º concurso internacional Mundus Vini, na Alemanha, em fevereiro. O reconhecimento como Produtor do Ano foi também atribuído pelo guia francês Bettane + Desseauve. Uma unanimidade raríssima.

Por trás de tantas conquistas para a Domaines Paul Mas pesa a história de uma família que se dedica à viticultura no sul da França desde o século 19. Mas o principal motivo desse reconhecimento está na ousadia. Em 2000, Jean-Claude Mas começou a produzir e engarrafar seus próprios vinhos, algo que a família jamais fizera. E ele escolheu para a entrada no mercado um nome nada tradicional: Arrogant Frog (sapo arrogante). A escolha ironiza o comportamento de muitos produtores franceses. “Eles menosprezam os degustadores insinuando que, se não gostaram daquele vinho é porque não entendem”, afirmou, em uma live na sexta-feira (27). O rótulo tem sido grande sucesso de vendas desde que foi lançado.

Hoje, seus domínios se estendem por 15 propriedades, de onde saem a cada ano 22 milhões de garrafas, exportadas para 71 países. Sua assinatura é “O luxo rural desde 1892”, mas os preços não têm nada de arrogante. Alguns vinhos chegam ao Brasil por menos de R$ 100. Os mais caros, em torno de R$ 200 — e quase todos receberam acima de 90 pontos da crítica.

ORGÂNICOS Com 60% de seus vinhedos certificados como agricultura biológica, Jean-Claude definiu seus vinhos como frutos de uma postura ética e ecológica. Uma leve nota de acidez, contudo, parece inata: “Temos nossas próprias regras quando se trata de vinificação sustentável”, disse. “Estabelecemos um novo modelo de produção na Franca e somos orgulhosos por esse reconhecimento.” O melhor produtor da Europa pode se dar ao luxo de ser minimamente arrogante.