UMA REPORTAGEM EXIBIDA NA QUARTA-FEIRA 8 pelo canal de notícias SkyNews traduz a reação dos ingleses diante da nacionalização de oito dos principais bancos do país. A emissora contou a história do dono de uma pequena livraria em Londres que faliu. “Meu negócio quebrou e ninguém, nem o governo nem os bancos privados, quis me ajudar”, disse o ex-empresário. “Por que diabos vão agora salvar os bancos?” O presidente de uma grande companhia britânica afirmou algo parecido à DINHEIRO. “Durante muitos anos, o nosso sistema financeiro funcionou com o mínimo de regulamentação e o que se viu foi uma orgia de crédito”, disse ele. “Uma hora ou outra essa conta teria de ser paga.”

A conta começou a ser paga na semana passada, com um pacote de US$ 680 bilhões, oferecido aos bancos RBS, Lloyds TSB, Barclays, Nationwide, Abbey e HSBC. O dinheiro servirá para comprar ações nos principais bancos do país, que se comprometeram a aumentar seu capital antes do fim do ano em um total de 25 bilhões de libras. Segundo o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, a iniciativa foi tomada para recuperar a confiança no sistema financeiro britânico. “Não podíamos ficar paralisados diante da grave crise que se aproximava”, disse Brown. “Nosso principal objetivo foi evitar o caos.” Uma das principais medidas tomadas para proteger o investidor foi aumentar de 25 mil libras para 50 mil libras o montante que o governo garante em caso de falência bancária. Ou seja, se alguém quebrar, Brown paga parte da conta.

GORDON BROWN:
plano de resgate pode custar quase US$ 700 bilhões aos cofres públicos
 

Os ingleses estão assustados com o terremoto financeiro. Nos últimos 30 anos, o setor financeiro da Grã-Bretanha se desenvolveu com o mínimo de intervenção do governo. Deu errado. Num artigo publicado na quinta-feira 9 no jornal Financial Times, o financista Andre Hill Lombard afirmou que o que se viu agora foi uma revolução às avessas. “As grandes rupturas geralmente representam uma total transformação, uma virada para algo que jamais havia sido realizado”, escreveu. “Agora é a volta ao passado.”