Filha dos fundadores da Guaraná Brasil, marca de roupas que funcionou até 2016, em São Paulo, a empresária Ana Carolina Bassi cresceu entre linhas e agulhas — mas conseguiu ir muito além do negócio da família. Criada em 2014 como segunda marca da empresa, a grife Carol Bassi ganhou força apoiada na imagem da estilista nas redes sociais. “Nós começamos com um casaco de tricô, que virou um case de sucesso e inspirou toda a coleção que viria a seguir”, afirmou o diretor da marca, Caio Campos, que é também marido de Ana Carolina. De lá para cá, o crescimento foi exponencial. Durante a pandemia, o casal investiu em várias estratégias de vendas que aumentaram o faturamento em 63,5% no último ano, chegando a R$ 59 milhões.

O sucesso chamou a atenção da Arezzo&Co., que comprou a marca por R$ 180 milhões no fim de 2021. A aquisição teve dois motivos. De um lado, havia a necessidade de uma grife feminina para complementar o portfólio do grupo. Por outro, pesou o “fator Carol”. Para Rony Meisler, CEO da divisão de vestuário e fundador da Reserva – que se juntou à Arezzo&Co. em 2020 – , “Carol criou um grande negócio e, ao mesmo tempo, parece ser a melhor amiga de suas consumidoras”. Por isso ela permanece como diretora da grife, cargo que divide com o marido. Os dois estão comprometidos com as metas da empresa para os próximos quatro anos.

MODA DESDE BERÇO Nascida em uma família que já atuava no setor de roupas femininas, Ana Carolina Bassi expande o negócio com grife própria ao adotar o marketing da influência e compartilhar o espaço de sua loja (Crédito:Divulgação)

Para entender melhor esse caminho é preciso voltar a 2019. Naquele ano, a empresária decidiu dar um passo maior, mudando de endereço. Trocou sua antiga loja por uma de 940 m2 no paulistano Shopping Cidade Jardim, onde há várias grifes internacionais. O novo endereço mal havia começado a funcionar quando veio a pandemia, com todas as restrições para o funcionamento de shop- pings. O que poderia ter enterrado os planos de expansão da marca acabou se tornando sua salvação. Os esforços de marketing foram centralizados nas redes sociais de Ana Carolina, que já traduziam o estilo das suas criações. “Contratamos quatro influenciadoras profissionais e apoiamos as espontâneas, que são clientes-amigas”, afirmou Campos. Hoje são 400 mil seguidores.

STORE IN STORE Mas havia outra questão: rentabilizar o espaço no shopping em um momento que a maioria das pessoas não queria sair de casa. A saída foi convidar outras marcas. A estratégia, conhecida pelo termo em inglês “store in store”, diminuiu os custos fixos do espaço e aumentou a verba de marketing da grife. Com quiosques sofisticados ­— e independentes — de Bites, Café Healthy, Gapaz, Sardegna, Sisley e Yukio, o local ficou parecido com uma loja multimarca, só que mais sofisticada. As clientes aprovaram a nova experiência de consumo. E os investidores, mais ainda.