Repare bem na sigla SCH-X590. Um dos últimos lançamentos da Samsung no mundo, conhecido por Camera Phone, é daqueles produtos que estarão dominando as prateleiras de todas as lojas por meses. É tudo o que a empresa coreana sonha para motivar seus clientes a trocar o aparelho antigo por algo mais bonito, mais
novo, mais moderno ? e, diga-se de passagem, mais caro. Ele é realmente uma máquina: possui câmera fotográfica giratória de alta resolução, tem zoom de até 4 vezes, uma tela de mais de 4 mil
cores ? a concorrência só chegou a 256 ? e acesso ultra-rápido à internet. Sua forma lembra uma concha e se abre para que o usuário possa acessar o teclado e ver a tela ao mesmo tempo. Resumindo, bonito por fora, inovador por dentro. Tecnologia, aliás, não é novidade para esta gigante que começou a vida, em 1970, produzindo tevês para a Sanyo e hoje é reconhecida como
líder em produtos como semicondutores.

No último final de semana, os executivos da gigante reuniram-se para pensar o futuro da telefonia. Admitiram que a base de celulares no mundo não deve crescer como se supunha. Nem no Brasil, onde a penetração de aparelhos é uma das menores (20%). Qual a solução? As operadoras estão voltando suas energias para criar serviços e ganhar dinheiro com coisas como reconhecimento de chamadas, download de jogos e filmes e até provisão de música (ringtones). ?É isso que tem trazido retorno financeiro?, confirma Oswaldo Mello Neto, diretor de telecomunicações da empresa no Brasil. ?E nossa estratégia é produzir os equipamentos que permitam esses serviços.? Basta avaliar os lançamentos brasileiros em 2003. No primeiro trimestre, chega ao mercado um misto de celular e Palm. Num único aparelho, o usuário faz suas chamadas e carrega sua agenda pessoal. Preparem-se garotas, a companhia também lança o primeiro telefone específico para vocês: o Elegance, em forma de pérola, vem com um exclusivo menu, que oferece controle de calorias e até de ciclo fértil, uma ?tabelinha? eletrônica.

É com esta estratégia ? olhos para inovação, sem descuidar dos desejos do consumidor e dos operadores ? que a fabricante vem crescendo. Este ano, saltou da quinta posição mundial para a terceira. E mais: a Samsung aumentou sua participação de mercado, de 9,5% para 11%. No Brasil, a empresa investiu R$ 6 milhões para ampliar sua fábrica e elevar a produção a 1,5 milhão de unidades.

O grande paradigma de mudança foi a chegada do Colors, o
primeiro aparelho com 4 mil cores do planeta. A partir deste arco-íris abriu-se um mar de possibilidades para os telefones. Embutir câmeras de fotografia e vídeo, adaptar sistemas de rastreamento
via satélite (GPS)… O uso é ilimitado. Uma seguradora já pode fazer, em tempo real, o boletim de ocorrência de uma batida de carro. Um executivo participa de uma videoconferência na selva amazônica, onde seria impossível encontrar linhas telefônicas. ?Há milhares
de outros usos que nem a empresa conhece?, brinca. É verdade. Desde 11 de setembro, a legislação americana exige que todo
celular saia de fábrica com GPS. Para quê? Facilitar a busca de pessoas debaixo de escombros.