Conhecida de muitos turistas brasileiros que visitam o Uruguai, a Bodega Garzón é a obra mais ambiciosa do bilionário argentino Alejandro Bulgheroni, que ali tem realizado um trabalho inédito e louvável de melhoria da enologia e até do turismo, já que o local virou uma atração por si só. Com rótulos premiados e promissores, a Garzón já foi eleita a melhor vinícola do novo mundo pela crítica especializada. Esse reconhecimento comprova a seriedade com que Bulgheroni se dedica ao negócio de vinhos, no qual já aportou cerca de US$ 1 bilhão por meio de aquisições e investimentos em diversas regiões, da sua Argentina natal ao Napa Valley, na Califórnia. Mas é na Itália que sua paixão pela vitivinicultura resulta nos melhores frutos. Na terça-feira 3, alguns dos rótulos produzidos nas propriedades pertencentes ao grupo Alejandro Bulgheroni Family Vineyards foram apresentados em São Paulo pelo milanês Stefano Capurso, que desde 2016 é o Global General Manager da companhia. Os rótulos são importados e distribuídos no Brasil pela World Wine, empresa que em 2019 trouxe para o País 7,2 milhões de garrafas de 200 produtores espalhados por 13 países.

A seleção apresentada por Capurso conduziu a um tour pela Toscana com escalas em três vinícolas: Dievole (situada no território do Chianti Classico), Podere Brizio (na Denominação de Origem Controlada e Garantida de Montalcino) e Tenuta Meraviglia, em Bolgheri, já perto da costa mediterrânea. De cada terroir, ao menos um rótulo merece atenção especial. O Dievole Novecento Riserva DOCG 2015 (R$ 344), o Podere Brizio Brunelo di Moltacino DOCG 2015 (R$ 520), e o Tenuta Meraviglia Maestro di Cava 2016 (ainda sem preço definido), este 100% cabernet franc, uva típica do corte de Bordeaux e que se adaptou perfeitamente no Bolgheri. Ainda que tenham características próprias, decorrentes das condições de clima, solo e das variedades que lhes dão origem, os três rótulos revelam uma notável proximidade em diversos aspectos, sobretudo no equilíbrio entre elegância e complexidade – uma marca do enólogo italiano Alberto Antonini, principal consultor de Bulgheroni em seus projetos no mundo do vinho. Adepto de princípios sustentáveis desde o cultivo das uvas, Antonini prefere usar tanques de cimento (em vez de inox) para a fermentação e “bottis” de 5400 litros de carvalho sem tosta para envelhecimento, ao invés das tradicionais barricas de apenas 225 litros. São sutilezas que fazem toda a diferença. Por isso, percorrer essas denominações italianas na companhia de Capurso, Antonini e Bulgheroni é conhecer de perto o que a Itália faz hoje de melhor no vinho.

Stefano Capurso, o rótulo Maestro di Cava e os vinhedos da Dievole: elegância e complexidade
Stefano Capurso, o rótulo Maestro di Cava e os vinhedos da Dievole: elegância e complexidade (Crédito:Reprodução/Divulgação)

 

O mapa das regiões produtoras e as diversas propriedades da ABFV Italy
O mapa das regiões produtoras e as diversas propriedades da ABFV Italy (Crédito:Reprodução/Divulgação)