Numa entrevista recente, o historiador Yuval Noah Harari, autor do bestseller “Sapiens – Uma Breve História da Humanidade” fez uma advertência: “Cada minuto que perdemos discutindo Trump ou Brexit é um tempo sem pensar na Inteligência Artificial. Daqui 10 ou 20 anos, as pessoas vão olhar para trás e perguntar: por que eles não regularam isso quando ainda podiam?” E Harari é um otimista. Nos seus livros, ele prevê um futuro em que a fusão homem-máquina levará a humanidade à condição de semidivindade e a fará conquistar a vida eterna e dominar o cosmos. Por isso, quando até ele fica com medo, é bom você ficar também. O físico Stephen Hawking era bem mais catastrofista. Ele acreditava que a Inteligência Artificial decretaria o fim da raça humana. O bilionário Elon Musk, criador do Tesla, acha a mesma coisa e, para não ser surpreendido, tomou para si a tarefa de desenvolver a primeira máquina sentiente na sua empresa, a OpenAI.

Claro que é altamente improvável que sejamos escravizados por máquinas como em “O Exterminador do Futuro” e “Matrix”. E a verdade é que a IA já está entre nós. Ela está no seu iPhone com o nome de Siri e também no sistema Windows como Cortana. O Facebook usa a inteligência artificial para reconhecê-lo em postagens e também para colocar anúncios na sua timeline. Vários serviços de call center são totalmente automatizados. Mas isso é só o começo. Em breve – e estamos falando de cinco anos – muitas tarefas que hoje são realizados por humanos estarão nas, digamos “mãos” das máquinas, como contabilidade, advocacia, transporte de cargas, medicina e até mesmo o jornalismo. Um texto é uma compilação de informações no formato de uma narrativa, habilidades que podem muito bem ser dominadas por uma máquina, ainda que o resultado fique um tanto robotizado.

A economia será radicalmente transformada num processo ainda mais disruptivo que o provocado pela a revolução industrial no século 18. A diferença é que o Brasil agrário e escravagista daquela época foi muito pouco afetado pelas máquinas inglesas, mas isso não é possível numa economia globalizada e interdependente. Nossos empregos serão duramente afetados.

E a verdade é a Inteligência Artificial nem chegou à sua primeira dentição. O grande salto acontecerá quando as máquinas alcançarem a “singularidade”, a capacidade de autoproduzir uma segunda geração ainda mais aprimorada e inteligente do que ela própria. Quando isso ocorrer, o mundo mudará de tal maneira que o seu dia-a-dia não será mais reconhecível. E isso não é ficção-científica. Segundo a Singularity University, (think tank criado pelo Google e pela NASA em 2008), a “singularidade” tem data marcada: 2030.

A partir daí, arrumar trabalho vai ser uma dureza. E depois disso as coisas vão ficar realmente esquisitas. Quem diz isso não é nenhum ludita que vive isolado no meio do mato, mas Bill Gates, o humano que fundou a Microsoft.