A queda de 8,8% no faturamento real da indústria em 2015, divulgada nesta segunda-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), é apenas mais um exemplo do processo de deterioração por que passa o setor produtivo brasileiro. A recessão econômica, é claro, explica a retração atual do setor. Mas é importante notar que, mesmo nos tempos de bonança, a indústria brasileira pedia socorro por causa da sobrevalorização cambial, da carga tributária excessiva e da falta de infraestrutura, para citar apenas três fatores. Portanto, além das pressão conjuntural, há questões estruturais.

Desses problemas, apenas o cambial foi equacionado. O dólar saltou cerca de 50% desde o começo do ano passado, barateando o produto brasileiro no exterior e encarecendo os importados. É um alívio para os empresários que perderam mercado quando a moeda americana ficou abaixo de R$ 2,00, entre 2007 e 2012, sacramentando uma invasão chinesa. A carga tributária, no entanto, permanece elevadíssima e o governo só pensa em como arrecadar mais. A recriação da CPMF, pasmem, virou a salvação para as contas públicas.

A infraestrutura precária continua sendo um entrave à competitividade dos produtos nacionais. Embora alguns avanços tenham ocorrido em aeroportos e rodovias privatizados, ainda falta muita coisa para a logística de transporte no Brasil deixar de ser um custo extra e se transformar num facilitador das nossas exportações. Para isso, o governo precisa desengavetar os leilões de concessão de portos, ferrovias, aeroportos e rodovias, com regras claras e retornos atraentes para despertar o interesse dos investidores.

Até lá, a indústria nacional continuará agonizando. Apenas no ano passado, o nível de emprego caiu 6,1% e não há nenhuma sinalização de que as demissões irão terminar. O País vive uma crise de confiança. Nenhum empresário irá se arriscar a investir enquanto não vislumbrar uma solução para as crises política e fiscal. Ao contrário do que o governo imagina, não será um pacotinho de crédito, como o anunciado na semana passada, que salvará o setor produtivo.