A virada na telefonia, com as transações bilionárias da semana passada, mexendo por completo no tabuleiro das empresas atuantes no setor, dá um claro sinal de como o Brasil vem assumindo uma posição hegemônica nos planos de investimentos das corporações e do peso que esse mercado ganhou em diversas áreas como eldorado dos negócios. 

 

Ninguém quer ficar de fora e o preço do bilhete de entrada está cada vez mais caro. E não é para menos. O potencial geométrico de consumo e as altas taxas de crescimento dos últimos tempos transformaram o Brasil na opção mais óbvia para quem almeja retorno garantido.

 

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A espanhola Telefônica, por exemplo, não mediu esforços nesse sentido. Para mergulhar finalmente no nicho da telefonia celular aqui pagou sonoros 7,5 bilhões de euros e comprou a líder do ramo no País, a Vivo. 

 

Para se ter uma ideia do que isso representa, basta dizer que o número corresponde a quase o valor total de mercado das ações da antiga controladora, a Portugal Telecom (PT). 

 

Ou seja: a Telefônica adquiriu um braço da PT pelo custo que a corporação toda valia. É bem verdade que se tratava da “galinha dos ovos de ouro” do grupo, mas, em termos comparativos, foi como se alguém pagasse pela roda o preço de um carro inteiro. Haja disposição para lucrar na telefonia brasileira! 

 

A PT, por sua vez, não perdeu tempo e, ao contrário do que se imaginava, não abdicou de manter uma operação nessa rentável praça. Entabulou entendimentos rápidos e decidiu gastar 3,6 bilhões de euros, pouco mais da metade do que recebeu, para entrar como sócia da brasileira Oi. 

 

A movimentação no ramo da telefonia foi apenas mais um dos capítulos dos esforços das multinacionais para fincar suas bandeiras no mercado interno. A história recente desses avanços está repleta de casos de portentos empresariais que se deram muito bem por aqui. 

 

Entre as montadoras de carros, por exemplo, a italiana Fiat viu a sua subsidiária brasileira faturar mais que a matriz. No setor bancário, gigantes como o Santander e o HSBC elegeram o Brasil como destino preferencial de seus investimentos por entenderem que assim podem ter mais dividendos. 

 

A suíça Nestlé detém internamente sua segunda maior operação e a maior do mundo, Coca-Cola, coloca o País ao lado dos EUA e do México como praças de melhor consumo. É por essas e por outras que o Brasil virou a bola da vez.