Ao desembarcar no Brasil, no final de 1998, a Tess teve a impressão de que todas as portas do mercado se fechavam para ela. A empresa que ganhou a concessão para operar a banda B de telefonia móvel do interior paulista enfrentou, no ano passado, briga judicial, teve dificuldades para cobrir a região habitada por mais de 18 milhões de pessoas, apresentou baixo desempenho e, por fim, encarou uma revoada de executivos. Agora, está no céu. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) conferiu à Tess o título de empresa que mais conquistou participação de mercado no setor de telecomunicações entre dezembro de 1999 e outubro de 2000. Na briga com a Telesp Celular, a companhia controlada pela sueca Telia Overseas e as brasileiras Algar e Eriline, saiu ganhando. Enquanto a estatal privatizada viu sua fatia, no Interior, cair de 78,28% para 69,05, a Tess saltou de 21,72% para 30,95%. A euforia em torno desses resultados trouxe à tona rumores de que ela estaria sendo assediada pela BCP. ?Agora, todo mundo está comprando e vendendo, mas ninguém admite nada?, despista o presidente Barry Bystedt. A BCP negou a negociação.

A estratégia seguida pela Tess foi mais agressiva em 2000. Para alcançar mais de 800 mil linhas e cobrir 70% do Interior (cerca de 130 cidades), foram gastos R$ 2 bilhões. ?Fizemos investimentos pesados em tecnologia?, conta o vice-presidente comercial José Luís de Souza. Para 2001, a Tess já reservou outros R$ 300 milhões. A ampliação da base de clientes o executivo atribui principalmente à aposta feita em serviços para atender a todo tipo de público. A companhia criou, por exemplo, planos mais econômicos, como o Noturno, para um público que usa celulares mais à noite (os jovens, por exemplo), e o Minutos, que dispensa assinatura fixa. ?Como forma de facilitar a aquisição das linhas, fizemos também contratos com fabricantes de aparelhos celulares para subsidiar esses equipamentos?, conta. A empresa fechou ainda acordo operacional com a BCP que permite aos usuários de telefonia pré-paga de ambas as empresas fazer ligações em qualquer ponto do Estado sem custo adicional. Segundo pesquisa desenvolvida pela Tess, o índice de queda das chamadas realizadas por seus usuários é inferior a 1%, a taxa de satisfação chega a 90% e mais de 92% das reclamações são resolvidas na primeira tentativa.