A Fnac cansou de ser somente ponto de encontro de intelectuais, publicitários, artistas e consumidores das classes A e B. Após um ano e meio no Brasil, a megastore de CDs, livros, eletroeletrônicos e produtos de informática, com 5 mil metros quadrados de área útil num prédio localizado na zona oeste de São Paulo, está com um desempenho bem abaixo da sua expectativa. O faturamento em 1999 foi de cerca de US$ 13 milhões, ou um retorno de US$ 2,3 mil por metro quadrado. ?É uma receita baixa. Deveria ser o dobro?, avalia o consultor Marcos Gouvêa de Souza. Além disso, a Fnac tem sofrido a concorrência de cadeias como a Saraiva, Siciliano e da Cultura. Para tentar sair do aperto, a empresa contratou a W/Brasil, após um ano sem agência. Sua tarefa: popularizar a loja. ?Não queremos trabalhar apenas com a elite?, afirma o diretor-geral da Fnac no Brasil, Pierre Courty.

A mudança de imagem começou na semana passada, quando pôsteres copiando personalidades como os Beatles e Salvador Dali, vestidos de Papai Noel, foram espalhados pela megastore. O edifício também foi embrulhado como presente para chamar a atenção. Um trabalho complicado, já que a loja sofre de um problema de visibilidade, no sentido literal da palavra. Uma praça cheia de árvores frondosas esconde sua fachada. ?A Prefeitura não autoriza a poda das plantas, apesar de preservarmos a área?, lamenta Courty. O executivo se convenceu que uma das maneiras de garantir um bom desempenho no futuro é abrir lojas em shoppings. ?Vamos priorizá-las no nosso plano de expansão.?

A estratégia terá início em março, quando será inaugurada uma grande loja no BarraShopping, no Rio de Janeiro. Meses depois será a vez de uma cidade do interior de São Paulo. Ao todo, a companhia investirá US$ 70 milhões para montar uma rede de 14 lojas até 2005. Nada muito exagerado para uma empresa que fatura US$ 2,3 bilhões ao ano na Europa, Ásia e Brasil. Os problemas enfrentados por aqui, incluindo a crise econômica do real há um ano, levaram o grupo a rever seus planos para a América Latina. As metas de receita caíram 8% para o País e os projetos de abertura de lojas na Argentina e no Chile estão momentaneamente engavetados.