Imagine uma propaganda de cerveja. Sol, praia, o som da latinha abrindo. O líquido amarelo-ouro servido no copo, em slow motion, formando um colarinho cremoso. Ao fundo, gente bonita se divertindo. E no fim do comercial, alguém dá um gole invejável e refrescante. A cena se repetiu na estratégia de marketing de muitas marcas ao longo dos anos. Mas o mundo mudou. Assim como as marcas, os produtos, o consumidor. E o jeito de fazer publicidade acompanhou essa evolução. No processo criativo, usar e abusar de elementos inusitados para atingir resultados virou obrigação. É esse o papel da VidMob, plataforma global em intelligent creative.

E aí vale tudo, como inserir frutas cítricas na propaganda de uma das bebidas alcoólicas mais consumidas no Brasil. Daria certo? A resposta está no comercial da Cervejaria Colorado, da Ambev, que usou imagens de seus ingredientes diferenciados, aumentando o engajamento dos consumidores. Ao usar as tais frutas cítricas em um post no Instagram, houve aumento de 37% na participação dos usuários. Para chegar aos resultados, a VidMob identifica práticas para melhor performance da publicidade a partir de sua ferramenta de inteligência artificial proprietária. “Não tem magia. Adoraríamos que tivesse. Viraríamos artistas do espetáculo. Na verdade, é a beleza dos dados transformados em correções que permitem resultados criativos excelentes”, afirmou o português Miguel Caeiro, head da VidMob na América Latina.

A solução da companhia tem atraído clientes e investidores. A empresa acaba de anunciar uma rodada Série C no valor de R$ 290 milhões, elevando o total de aportes recebidos para R$ 700 milhões. Neste último incentivo, os protagonistas foram Adobe e Shutterstock, além de César Melo, ex-presidente da Mondelez e da Pepsico, que também se unirá ao board da VidMob. Criada há seis anos nos Estados Unidos, está no Brasil desde meados de 2019 e tem transformado a forma de investimento das marcas em anúncios digitais. A ferramenta da VidMob atua em duas frentes. Em uma delas, analisa os vídeos ou artes criados pelas agências de publicidade que serão publicados por uma empresa. Em um filme de 15 segundos para os Stories do Instagram, por exemplo, é feita uma análise frame a frame que identifica automaticamente todos os elementos: objetos, logotipo, pessoas (se são famosas, se estão sorrindo, de lado, em primeiro plano…), ambiente (indoor, outdoor, cozinha, quarto, fábrica), som (voz, música, altura), texto, densidade. Ou seja, em 15 segundos gera-se uma montanha de data points sequenciados e organizados em forma de big data.

R$ 700 milhões foi o aporte recebido pela empresa em seis anos de atividades

Na outra frente, a VidMob está conectada com as plataformas de mídia (Facebook, Instagram, LinkedIn, Pinterest, Twitter, YouTube) em que recebe outra montanha de dados sobre os resultados das propagandas que estão no ar. Com tudo isso em mãos, são definidos os elementos que dão mais audiência e feitas sugestões às agências de publicidade que trabalham com as marcas. “Esses dados sozinhos são inúteis. Mas nós cruzamos as informações em tempo real e, com qualidade e robustez, chegamos a conclusões para performances mais assertivas”, disse Caeiro. “Tiramos o achismo da mesa de reunião do marqueteiro com agência, negociador e mídia. Casamos os insights e fazemos recomendações para a galera criativa. Às vezes a campanha está no ar e conseguimos corrigir imediatamente.”

O trabalho com a Colorado teve início no Brasil e já se estendeu para 14 países. Por aqui, a VidMob também tem como clientes Netshoes e Pepsico – nesta última, a atuação foi com o achocolatado em pó Toddy. A campanha publicitária já estava no ar por dois meses. O desafio: transformar a peça e manter ao menos 80% do engajamento. Com base na inserção de novos insights, o vídeo foi atualizado e atingiu 27,9% de aumento nas taxas de visualização em relação à performance original. “Reutilizamos algo que achava-se estar esgotado e o resultado foi superior”, afirmou o executivo. Se antes falava-se que a propaganda era a alma do negócio, com a VidMob pode-se dizer que a propaganda são os dados dos negócios.