No agronegócio, as cooperativas têm um papel importante em áreas como o beneficiamento de matérias-primas, comercialização de produtos, fornecimento de equipamentos e insumos, capacitação técnica e, nos últimos anos, no processo de digitalização, principalmente de pequenos e médios produtores. Essa tarefa é especialmente relevante em regiões em que as propriedades são menores, com maior participação da agricultura familiar, como é o sul do Brasil. Nesse cenário, a Cocamar Cooperativa Agroindustrial, fundada em 1963, na cidade de Maringá (PR), vem assumindo uma posição de destaque. “Cerca de 80% dos produtores do estado têm uma área menor do que 20 alqueires de terra. Não são grandes latifundiários”, disse Divanir Higino, presidente-executivo da Cocamar. Um alqueire equivale a 2,4 hectares. Ou seja, a maioria dos produtores trabalha em até 48 hectares. Para efeito de comparação, o tamanho médio das propriedades rurais no Mato Grosso é de 463 hectares, segundo dados do Censo Agropecuário de 2017. “Eles precisam se sentir fortes estando em sociedade, e o cooperativismo é a grande referência”, afirmou.

Em um momento de incerteza como aquele que se desenhou a partir de março de 2020, com a chegada da pandemia, essa união é ainda mais necessária. No começo do ano, havia uma grande expectativa após os resultados decepcionantes registrados em 2019. “Foi um ano muito ruim. Tivemos uma quebra em todos os aspectos”, afirmou Higino. Mas a crise sanitária assustou a todos. Ao mesmo tempo, aumentou a demanda interna. As safras de verão e de inverno foram boas, e os preços saltaram. Foi preciso trabalhar para dar conta dessa demanda ao mesmo tempo que protocolos sanitários eram colocados em prática e os processos de digitalização dos produtores eram acelerados. Como afirmou o presidente-executivo, foi como trocar o pneu com o carro em movimento. Mas a estratégia deu certo. No balanço final, o ano de 2020 foi o melhor da história da Cocamar. O faturamento foi de R$ 7 bilhões, crescimento de 52% em relação aos R$ 4,6 bilhões em 2019 e acima da previsão original, de R$ 6 bilhões. E 2021 continua em ritmo acelerado. “Mudou o calendário, mas não paramos. A seca e as geadas criam um tropeço, mas vamos passar por cima.”

DIVANIR HIGINO EMPRESA: Cocamar. CARGO: Presidente-executivo. DESTAQUES DA GESTÃO: Aumento do faturamento acima da previsão, investimentos em infraestrutura e expansão das atividades da cooperativa. (Crédito:Divulgação)

O bom resultado financeiro foi um dos motivos que deram à Cocamar a vitória na categoria cooperativas agrícolas no anuário AS MELHORES DA DINHEIRO 2021.Mas não foi o único. O ano passado marcou o fim de um ciclo estratégico para a cooperativa que teve início em 2015. Nesse período, foram feitos investimentos para ampliar a capacidade produtiva e a infraestrutura. A Cocamar inaugurou uma indústria de rações e outra de fertilizantes foliares. Ingressou na pecuária de corte com o programa de produção de carne precoce, em parceria com o Frigorífico Argus, de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. E ampliou sua operação industrial, que agora tem capacidade para processar
1 milhão de toneladas de soja.

A estrutura do grupo contempla 97 unidades operacionais e 16 mil cooperados, espalhados não apenas pelo Paraná, mas também por São Paulo e Mato Grosso do Sul, e que produzem soja, milho, trigo, café e laranja, além da pecuária. Os investimentos em infraestrutura são acompanhados por iniciativas alinhadas às boas práticas ESG (ambiental, social e governança). Em 2013, por exemplo, a Cocamar mudou seu modelo de gestão, colocando apenas produtores no conselho de administração estratégica. “Ainda trouxemos para dentro de casa muita assessoria, gestão de compliance. Derrubamos nossos índices de acidentes”, disse Higino. Também promove boas práticas agrícolas entre seus cooperados, incentiva programa de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) desde 1996 e hoje tem mais de 200 mil hectares de formatos integrados nas regiões em que atua.

“Cerca de 80% dos produtores do Paraná tem uma área menor que 20 alqueires. Não são latifundiários. Precisam se sentir fortes em sociedade” Divanir Higino, presidente-executivo da Cocamar.

Uma consistência que permite ampliar a aposta. Até 2025, a cooperativa quer continuar crescendo e já estabeleceu as diretrizes de seu novo ciclo estratégico. Uma usina de biodiesel está sendo construída no parque industrial em Maringá. A entrega está programada para janeiro de 2022. Outras melhorias em unidades estão previstas, a um custo total de R$ 1 bilhão. “Nossos pilares continuam os mesmos. Crescer para ocupar um território e atender os cooperados, valorizando os colaboradores e fortalecendo os produtores”, disse Higino.