Líder absoluta no mercado cervejeiro brasileiro, a companhia Ambev não mediu esforços para minimizar o inevitável impacto financeiro provocado pelos efeitos do isolamento social em virtude da pandemia da Covid-19. A questão era direta: como garantir a bebida na mesa do brasileiro em um cenário de fechamento da maioria dos 1,1 milhão de pontos de vendas de cerveja no País? E a Ambev foi buscar soluções, aumentando alcance dos sistemas de distribuição a PDVs abertos, como supermercados, e adotando políticas de inovação e de novas plataformas tecnológicas.

Ainda que com registro de queda de 49,4% no lucro líquido do segundo trimestre em relação ao mesmo período do ano passado e receita líquida 10,4% menor de abril a junho de 2020, as ações da Ambev têm se mostrado certeiras. A recuperação já aparece nos números do volume comercializado. Em abril, a queda foi de 27%, reduzindo para 7% em maio e revertendo para alta de 5% em junho. “Trabalhamos para ter uma companhia cada vez mais centrada no consumidor. E a inovação é a essência dessa estratégia”, afirmou Jean Jereissati, CEO da Ambev.

O e-commerce foi um dos focos da companhia. Foi ampliada a plataforma Zé Delivery, principalmente para que pequenos comércios pudessem contar com um ponto de venda virtual, além do portal Empório da Cerveja e dos serviços de assinaturas Sempre em Casa, com entregas periódicas de bebidas. Outra solução foi ajudar os bares e restaurantes no período de reabertura, com iniciativas como Apoie em Restaurante, da Stella Artois, e Ajude um Buteco, da Bohemia, para contribuir nos negócios de 300 mil locais de vendas. Para a empresa, ainda é cedo para dizer que a nova forma de consumir esteja mais perto do normal. A certeza é de que os consumidores das marcas da Ambev estão bebendo em casa.

A crise econômica e a perspectiva de queda do Produto Interno Bruto (PIB) não mudam a estratégia da companhia. “Estamos confiantes de que temos um planejamento sólido e operações de excelência que nos permitem um crescimento sustentado”, disse a companhia, em nota. “Historicamente, o mercado brasileiro sempre teve oscilações e o que sempre fez diferença para nós foi seguir a consistência na execução das nossas estratégias”, afirmou a Ambev, no documento.

Para o CEO da empresa, a crise também mostrou a necessidade do caráter cada vez mais social das grandes companhias. A cervejaria investiu R$ 110 milhões em ações humanitárias, como construção de hospitais, produção de álcool em gel e distribuição de equipamentos de proteção individual. “A crise vai passar e a colaboração vai ficar. Não basta mais só fazer negócios. As pessoas vão exigir que esses negócios ajudem o Brasil de alguma forma”, disse Jereissati. Ele entende que, em um momento de crise como o que a indústria brasileira enfrentou ao longo dos últimos meses – e que começa a entrar no ritmo da retomada –, o mais importante é compreender as dificuldades impostas e buscar alternativas para crescer de forma sólida, principalmente no período pós-pandemia. “Resiliência é sobre apoio. As pessoas e empresas que querem matar no peito, que não conseguem mostrar alguma vulnerabilidade, não se seguram”, afirmou o executivo da Ambev. “Precisamos dividir os problemas com quem está próximo. E arrumar soluções juntos.” Recado de quem conhece o caminho. E de quem sabe a necessidade de compartilhar momentos desafiadores, antes da chegada do brinde.