A Neon Pagamentos, fintech impactada pela intervenção do Banco Central no Banco Neon, anunciou a retomada de abertura de contas. Segundo o banco digital, que foi fundado em 2016, esse procedimento já funciona normalmente.

Esses serviços estavam indisponíveis desde o dia 4 de maio, quando o BC determinou a liquidação do Banco Neon alegando graves irregularidades.

Para retomar as atividades, a Neon Pagamentos fechou acordo com o Banco Votorantim para migrar seus ativos do Banco Neon para lá. Agora, com o fim da migração das operações da fintech para o Votorantim, a Neon retomou as operações.

Segundo a assessoria de imprensa, a partir de agora, a Neon e o banco devem trabalhar juntos na captura de sinergias. Pedro Conrade, fundador e CEO da Neon, afirmou em nota que “a fintech segue no mercado financeiro de forma independente, contando com o suporte do Banco Votorantim para simplificar a vida dos clientes”.

Também de acordo com a assessoria, até o momento já foram restabelecidos os serviços de cadastro, ativação e uso do cartão de débito, recarga de celular, pagamento de contas, saque, transferência e consulta de saldo.

Entenda o caso

No dia 4 de maio, Pedro Conrade, CEO da Neon Pagamentos, foi do céu ao inferno em apenas uma noite. Na quinta-feira, 3, ele foi dormir feliz. Sua empresa havia anunciado um aporte de R$ 72 milhões de investidores de peso como Monashees, Propel Ventures, Omydiar Network, Tera Capital, Yellow Ventures e o family office do Patria Investimentos, entre outros.

Naquela sexta, 4, Conrade acordou em um pesadelo. O nome do Banco Neon, umbilicalmente ligado à sua empresa, estava no topo das páginas de notícias, e não devido ao aporte. A causa era a primeira liquidação extrajudicial, pelo Banco Central (BC), de um banco de pagamentos.

Há cerca de dois anos, a Neon Pagamentos cedeu o uso de marca para uma instituição mineira de pequeno porte, o Banco Pottencial. A Neon Pagamentos e o Banco Neon são empresas diferentes, algo que o próprio BC frisou em seu comunicado sobre a liquidação. Mesmo assim, o anúncio apavorou os cerca de 600 mil clientes.

Regularizadas pelo BC no fim de 2014, as instituições de pagamentos são a interface entre o regulado e burocrático sistema financeiro e as fintechs.

Naquela sexta-feira, o departamento de fiscalização do BC determinou a liquidação do Pottencial. O principal motivo foi a existência de patrimônio líquido negativo, algo que ocorre quando os empréstimos de má qualidade superam o dinheiro dos sócios.

Há suspeitas de que o banco não informava corretamente os dados de quem usava as contas para realizar negócios com criptomoedas. O BC não comentou o assunto.

Neon acha solução rápida

Na segunda-feira seguinte, 7, a Neon Pagamentos anunciou a parceria com o banco Votorantim para dar continuidade à sua operação. O Votorantim assumiu os serviços de custódia e movimentação das contas de pagamento da Neon.

“O Banco Votorantim vai trabalhar em conjunto com a fintech Neon para o restabelecimento integral de todas as suas atividades o mais rápido possível”, informaram as instituições, em comunicado conjunto à imprensa.