O Brasil ganhará no início do próximo ano a primeira fábrica-escola de microeletrônica da América do Sul. Ficará em Porto Alegre e servirá para o governo federal treinar mão de obra qualificada para atender a demanda de empresas nacionais e multinacionais instaladas no País. O projeto saiu do papel graças a Freescale, fabricante mundial de semicondutores para celulares, eletrodomésticos e automóveis. Com 1200 clientes no País, a empresa procurou o governo para propor uma parceria na construção da escola que terá máquinas de última geração doadas pela empresa americana. ?Pode ser o primeiro passo de algo maior?, afirma Antônio Calmon, diretor da Freescale na América Latina. Esse ?próximo passo? seria a construção de uma fábrica de verdade em território brasileiro. Um investimento de US$ 3 bilhões. ?Observamos oportunidades para ampliar nossas linhas de produção.?

A Freescale é dona de uma história interessante. Há um ano a empresa não existia. Era uma divisão de luxo da Motorola desde 1953. A separação aconteceu porque os concorrentes da fabricante de celulares resistiam a fazer negócio com o departamento. Foi então, que os acionistas optaram pelo vôo solo da Freescale, que hoje fatura US$ 5,7 bilhões anuais e é líder no mercado de semicondutores. Com a separação, a empresa abriu capital na bolsa e hoje suas ações valem US$ 25. No início custavam US$ 13. Além de celulares e carros- seus principais mercados ? a Freescale aposta no setor de eletrodomésticos da chamada linha branca. O obstáculo era fazer com que esses utensílios ficassem mais modernos sem alterar o preço final. Foi preciso mostrar aos fabricantes que os chips reduzem o custo de produção e otimizam as vendas. Hoje são seus clientes empresas como Brastemp e Electrolux. Uma nova família de chips acaba de ser apresentada ao mercado e reduz o consumo de uma geladeira, por exemplo, em cerca de 20%. O caminho para o sucesso ainda será facilitado pela exigência de que até o final de 2006, todos os eletrodomésticos deverão trazer o selo Procel, criado em 1985 e que garante economia de energia elétrica. Segundo Paulo Saab, presidente da Eletros, os novos produtos consomem hoje até 50% menos do que consumiam em 1994. 

US$ 3 bilhões É o investimento necessário para a construção
de uma fábrica da Freescale em qualquer País