A Novell teve seus anos de Microsoft. Fundada em 1983 por seguidores da religião Mórmon, na sua época de auge a companhia dominou 90% do mercado de softwares que organizam as redes de computadores das empresas. Em 1995 o faturamento chegou a US$ 2 bilhões, mas o tempo transformou esse monopólio em pó e hoje a Novell tem no Brasil apenas 7% desse mercado. Esse não é o principal problema. A companhia vai bem financeiramente. Ficou mais enxuta, os lucros continuam satisfatórios e as vendas anuais caíram para US$ 1,1 bilhão com os programas contribuindo com apenas 32%.

Muitos clientes ainda acreditam que o negócio da Novell continua o mesmo de anos atrás. É uma imagem que incomoda a companhia que hoje presta serviços de consultoria, de internet e venda produtos até na área de biometria. Foi o caso do Supremo Tribunal Federal que adotou o reconhecimento digital no seu sistema de acesso às informações confidenciais dos processos pelos juízes e funcionários. São contratos como do STF quer a Novell quer divulgar daqui em diante. A companhia investirá US$ 2,3 milhões em uma campanha de marketing. Também distribuirá gratuitamente o seu software de redes, o Netware, para pequenos e médios empresários. ?Estamos vivos e fortes. Não somos perdedores?, afirma o presidente no Brasil, Francisco Paletta.

O grande desafio da Novell é mostrar vitalidade. Nos anos 80, a companhia ganhou muito dinheiro facilitando a vida de outras empresas que estavam montando suas redes corporativas. A chegada do Windows nesse mundo mudou a cena. ?Eles erraram em não atualizar o seu software e subestimaram os concorrentes, principalmente a Microsoft?, afirma o consultor Rui Campos. A saída foi investir em outras áreas. Palleta reconhece que a atual percepção cria dificuldades nos negócios, mas diz que tem ao seu lado uma marca que sobreviveu a várias tempestades do mercado de tecnologia. A verba de marketing será direcionada para ações publicitárias junto a alguns clientes e distribuidores. Palleta também quer treinar vendedores que funcionarão como a infantaria da Novell nessa estratégia. ?As pessoas precisam saber o que fazemos e vamos mostrar nossas qualidades?, diz o presidente. Fã incondicional de pizzas, Palleta acredita que há uma fatia dos negócios que cabe a sua empresa e os concorrentes saberão em pouco tempo que a Novell está viva e com muita fome.