Quem se arriscar a mapear o DNA da Nokia encontrará do outro lado do microscópio genes de uma companhia em constante evolução. Em 1865 quando foi criada, a empresa finlandesa fabricava papel. Na virada para o século 20 já atuava no setor de derivados de borracha e no fornecimento de fios para rede elétrica e cabos para telégrafos. Hoje, a Nokia é a líder mundial no setor de celulares com 32% das vendas. A carga genética é tão forte que a companhia não consegue parar. O seu próximo passo é em direção ao conforto dos moradores de casas e apartamentos. Tecnologias em desenvolvimento nos laboratórios da companhia permitirão que um único item, no caso uma pulseira high-tech, controle qualquer dispositivo eletrônico entre quatro paredes. ?No ambiente doméstico o celular é apenas um componente e no futuro queremos falar com todos os equipamentos?, disse à DINHEIRO Jyri Huopaniemi, chefe do Centro de Pesquisas de Aplicações Móveis da Nokia. A pulseira também vai armazenar dados pessoais e poderá servir como identificador pessoal. Uma espécie de carteira de identidade digital. ?O cliente de uma loja de roupas, por exemplo, terá atendimento personalizado porque o vendedor saberá desde tecido até a cor preferida em função dos sinais que serão emitidos pela pulseira?, afirmou Huopaniemi.

O plano da Nokia vislumbra o ano de 2015, quando a marca vai celebrar 150 anos. A estratégia é encaixar o desenvolvimento de produtos ao conceito ?A vida é móvel?, que ao lado da expressão ?Conectando Pessoas? são os principais slogans publicitários adotados em todo o mundo. Mesmo com uma base de 643 milhões de unidades vendidas, a Nokia sabe que a vida está além dos telefones móveis. Em 2010, existirão três bilhões de celulares em operação no planeta. A intenção não é abandonar a fabricação de celulares ? os primeiros aparelhos móveis foram produzidos em 1987 ? porque o atual presidente mundial Jorma Ollila, que assumiu o cargo em 1992, é o defensor do atual modelo, mas esperto suficiente para perceber que nada é estático, principalmente dentro da Nokia. Foi Ollila quem comandou a operação de venda de todos os ativos do passado para se concentrar no setor de telecomunicações. Para manter o atual faturamento de 35 bilhões de dólares, a companhia sabe que o caminho natural é a diversificação e a busca por inovações de valor agregado. Vender celular deixará de ser um grande negócio. Equipamentos como as pulseiras, apresentadas há duas semanas no evento anual que a Nokia faz na Finlândia para mostrar tendências, e parcerias são a estratégia para garantir a atual rentabilidade. Uma das apostas é na velha e surrada convergência entre celulares, máquinas fotográficas digitais, palmtops, videogames, tocadores de MP3, navegadores de internet e tv digital. O Nokia 6280, por exemplo, é um aparelho de terceira geração que pode enviar vídeos para outro celular. Outra frente de negócio envolve empresas como as americana Avaya (telecomunicações) e Apple (computadores) e algumas de software livre, como o sistema operacional Linux. Com a Intel, a Nokia está desenvolvendo a tecnologia WiMAX, que é uma rede sem fio de banda larga. Dessa forma, a Nokia garantirá seu lugar na história da tecnologia.

Mutação: Em 2015, quando a Nokia completar 150 anos, existirão 3 bilhões de celulares no mundo