Quando anunciou a aquisição da americana Monsanto, em 23 de maio de 2016, a alemã Bayer se tornou um dos principais alvos de denúncia de movimentos populares e ambientalistas. A data, inclusive, foi adotada por ativistas como o Dia Mundial Contra a Monsanto. Agora, o grupo alemão enfrenta seu primeiro grande desgaste decorrente do acordo. Em 10 de agosto, a empresa americana foi declarada culpada em 1a instância na Corte Superior da Califórnia, em São Francisco (EUA), por conta de um processo aberto pelo ex-jardineiro e zelador de escola Dewayne Johnson. O motivo foi o contato dele com o glifosato, um dos herbicidas mais usados no mundo.

O caso, que teve início em 2016, recebeu prioridade devido à seriedade do linfoma não-Hodgkin’s, um câncer do sistema linfático que teria sido causado pelo contato com os pesticidas Roundup e Ranger Pro, da Monsanto. A empresa foi condenada a pagar uma indenização de US$ 289 milhões, o equivalente a mais de R$ 1 bilhão. O júri decidiu que a companhia falhou em alertar Johnson e outros consumidores sobre o risco de câncer em seus pesticidas. A Monsanto nega, no entanto, que o glifosato cause câncer e afirmou que apelará da decisão. Em junho deste ano, a Bayer concluiu a aquisição da Monsanto e anunciou o fim da marca. Mas os passivos da empresa permanecerão.

(Nota publicada na Edição 1083 da Revista Dinheiro)