Com uma produção global de 3,8 bilhões de toneladas de alimentos por ano, não há razão matemática alguma para que um só cidadão no mundo passe fome. Feitas as contas, ao dividir a oferta de comida pela população atual, 7,8 bilhões de pessoas, cada um receberia 493 kg por ano ou 1,35 kg por dia. Mas duas variáveis humanas impedem que o resultado lógico se imponha. O primeiro deles é a desigualdade.

Não há como ter uma divisão justa de nutrientes em um planeta onde os dez homens mais ricos do mundo têm mais dinheiro do que a combinação de 40% da população mais pobre. O segundo é o desperdício. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), mais de 2,1 bilhões de toneladas de comida vão direto para o lixo por ano.

Em moeda americana o custo do desperdício chega a US$ 1 trilhão. Somente na América Latina 15% dos alimentos param nas lixeiras, o equivalente a cerca de 127 milhões de toneladas. Para minimizar o problema, a FAO estima que a produção agropecuária teria que passar por um incremento de 60% até 2050. Isso sem falar na necessidade de redistribuição de renda.

(Nota publicada na edição 1278 da Revista Dinheiro)