O próprio nome sugere um produto valioso: metais de terras raras. Trata-se de um grupo de 17 elementos bastante difícil de obter e que, por isso, possui um alto grau de importância para a indústria. Na semana passada, a Tesla, fabricante de carros elétricos criada por Elon Musk, aumentou ainda mais o valor de um desses metais. A empresa passou a adotar motores que utilizam ímãs de neodímio (Nd) no lugar dos motores baseados em bobinas de cobre. A mudança, no entanto, gera preocupações tanto em relação ao suprimento do Nd como sobre riscos ambientais.

No ano passado, a demanda por neodímio superou a oferta em 3,3 mil toneladas, de acordo com a agência de notícias Reuters. O mercado de ímãs feitos com esse metal para motores é estimado em mais de US$ 11 bilhões. O principal fornecedor é a China, responsável por cerca de 90% da extração. Há temores de que o gigante asiático possa restringir a exportação do Nd, como já fez em 2010, levando o preço do quilo do minério a atingir US$ 500 – atualmente, está em US$ 70.

Soma-se a isso o problema ambiental. Os metais de terras raras são minerados por meio de um processo complexo, com uso intenso de produtos químicos. Há, inclusive, o risco de gerar material radioativo em decorrência da extração. A própria China demonstra preocupações nesse sentido e reduziu o ritmo de produção, o que chegou a elevar a cotação do Nd para US$ 96, em setembro de 2017. A utilização desse metal é uma contradição do carro elétrico: se, por um lado, ele diminui a emissão de CO², por outro, depende de operações de mineração altamente impactantes ao meio ambiente.

O Brasil é dono da segunda maior reserva de minérios de terras raras do mundo, com 22 milhões de toneladas, mas não explora o produto. Isso pode mudar. Em maio do ano passado, a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) e o governo do Estado lançaram um projeto para implantação de um laboratório-fábrica de imãs de terras raras no País, em Lagoa Santa, na Grande Belo Horizonte. A matéria-prima viria da CBMM, empresa da família Moreira Salles que explora o nióbio, metal bastante utilizado na indústria de tecnologia, na região de Araxá (MG). Procurada, a companhia afirmou que “não prevê investimentos na área de terras raras”, neste momento.

(Nota publicada na Edição 1061 da Revista Dinheiro)