Uma das provas mais nobres do atletismo, os 100 metros rasos da Olimpíada de Tóquio entrou para a história do esporte. Naquele 1º de agosto de 2021, foi a primeira vez em 17 anos que a disputa não teve o ícone jamaicano Usain Bolt. O ouro ficou com o italiano Lamont Marcell Jacob, que surpreendeu os favoritos com a marca de 9,80s e tornou-se o primeiro europeu a vencer na distância desde 1992. Enquanto Jacob entrava para a seleta galeria de campeões olímpicos em menos de 10 segundos, havia uma outra disputa no background dos jogos. Em 9,80s, a organização do evento sofria mais de 70 mil ataques cibernéticos para desestabilizar o sistema. Todos eles contidos pelas ferramentas de proteção da Atos, empresa francesa que tem avançado no Brasil com suas soluções de ponta a ponta, com investimentos em novos centros tecnológicos e ampliação da sua cartela de clientes. “O País faz parte do mapa central da Atos do ponto de vista estratégico. Temos apoio do nosso comitê executivo para continuar acelerando, para ampliar a presença por aqui e ser mais atuante”, afirmou à DINHEIRO Nelson Campelo, CEO da Atos para a América do Sul, responsável pela operação brasileira da companhia.

Ao todo, durante dois meses entre a preparação e a execução dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos na capital japonesa, foram registrados 38 bilhões de eventos de segurança cibernética, numa média de 7,3 mil por segundo. Dos mais simples, aos mais sofisticados. Desde a tentativa de invasão ao espaço virtual da imprensa, até a pretensão de derrubada da rede ou alteração no sistema de cronometragem das provas. Tudo barrado pelas camadas de proteção. “Monitoramos ataques a cada milissegundo [0.001 segundo]”, disse Campelo. No embate entre os good e os bad boys, o executivo comemora a “vantagem dos mocinhos”. Entre as soluções que fizeram o bem vencer o mal na corrida da segurança digital, a empresa optou por centralizar e basear os serviços em nuvem com um Centro de Operações de Segurança (SOC), uma equipe de resposta a incidentes de segurança em computadores (CSIRT), detecção e resposta de endpoint e serviços de avaliação de vulnerabilidade. Também incluiu a ferramenta Games Management Systems, de suporte ao planejamento e operações dos jogos, e a Information Diffusion Systems, que forneceu resultados em tempo real para o mundo, além de sistema de controle de acesso avançado com reconhecimento facial.

ANTÍDOTO Essa expertise em um dos maiores eventos do planeta também é oferecida ao mundo corporativo. E o mercado está aquecido para a companhia ampliar seu faturamento, que em 2020 fechou em 11,2 bilhões de euros e nos seis primeiros meses deste ano, 5,4 bilhões de euros, semelhante ao mesmo período do ano passado. Segundo pesquisa PwC Digital Trust Insights, 83% dos líderes de organizações empresariais no Brasil preveem aumentar seus gastos com cibersegurança no ano que vem. Um antídoto ao veneno dos ataques, em um País que tem sido um dos principais alvos globais. Levantamento da Roland Berger aponta que apenas no primeiro semestre deste ano foram 9,1 milhões de ocorrências cibernéticas no Brasil, considerando apenas os de ransomware, aqueles que restringem acesso ao sistema, sequestram dados e cobram resgate em criptomoedas. “Estamos vivendo momento muito delicado sob a ótica de segurança digital”, disse Nelson Campelo.

Em território brasileiro, a Atos tem como clientes a Petrobras, a Caixa e a B3. Com um “mercado em potencial”, nas palavras do CEO, criou seu principal centro de operação e inovação na América do Sul em Londrina (PR). Em São Paulo, mantém seu Security Operation Center (SOC). Além disso, neste ano, a empresa fundou um centro tecnológico e de capacitação em Santa Maria (RS), em parceria com a Universidade Franciscana, com o objetivo de fomentar o mercado de tecnologia na região, e em Salvador (BA) inaugurou um centro de computação quântica, em parceria com o Senai Cimatec. “O Brasil é celeiro de novas soluções. E o mais importante de tudo é fazer com que Brasil participe desse processo tecnológico avançado”. Ações para o País ser medalha de ouro em inovação, como a Atos é em cibersegurança e Marcell Jacob, nos 100 metros rasos da Olimpíada.

Evandro Rodrigues