Copa do Mundo do Catar tem início programado para daqui 11 meses — mais precisamente em 21 de novembro de 2022 — e deve injetar ao menos US$ 20 bilhões no Produto Interno Bruto do país do Oriente Médio, o correspondente a 11% do apurado em 2019. Apesar de o Brasil estar a quase 12 mil quilômetros de distância, ou 12 horas de voo direto, as empresas de turismo e aviação que operam por aqui também esperam entrar em campo e lucrar em cima da paixão do brasileiro pelo futebol. “Estimamos vender até US$ 30 milhões”, afirmou à DINHEIRO Paulo Castello Branco, presidente do Grupo Águia, que comercializa ingressos de hospitalidade e pacotes turísticos para o mundial da Fifa.

Com expertise no negócio desde o Mundial na Inglaterra, em 1966, a companhia vive a expectativa de embarcar ao menos 10 mil pessoas para Doha (Catar) e o vizinho Dubai (Emirados Árabes), principais destinos. Até hoje, a empresa já levou mais de 100 mil turistas ao torneio, exceção às edições de 1974 (Alemanha) e 1978 (Argentina). “Será o mundial da libertação, provavelmente com a população do planeta vacinada [contra a Covid-19].”

NEGÓCIO DE LUXO Os estádios que serão utilizados no mundial no Oriente Médio ficaram prontos com praticamente um ano de antecedência. Os camarotes conquistaram os torcedores na Copa de 2014, no Brasil. (Crédito:Divulgação)

O executivo demonstra entusiasmo com o interesse dos fãs pela Copa do Mundo. São esperados ao menos 1 milhão de turistas durante o evento. O acordo do Grupo Águia junto à Match International — parceira da Fifa — garante exclusividade no Brasil, no Peru e no Canadá na comercialização de pacotes turísticos e de ingressos de hospitalidade, que, dependendo da categoria, dão direito a lounge e camarotes.

O valor do ingresso de hospitalidade parte de US$ 950 por jogo na Match Club, categoria de entrada mais vendida no Brasil, e pode chegar a US$ 5 mil por partida na Pearl Lounge, camarotes de luxo. Já os pacotes de turismo variam, com hospedagem a partir de quatro noites tanto em Doha (US$ 7 mil) como em Dubai (US$ 5,5 mil), sem parte aérea. Os produtos são negociados nas agências Stella Barros e Top Service (as duas pertencentes ao Grupo Águia) e CVC — subagentes oficiais de vendas de hospitalidade. Outras agências também fazem a comercialização, sob gerenciamento de uma das três interlocutoras. As estratégias definidas pelo Grupo Águia têm surtido efeito no caixa. Desde o início das vendas, a companhia já faturou US$ 1,9 milhão em turismo (pacotes) e US$ 5,8 milhões em hospitalidade no Brasil — além de US$ 800 mil desta última categoria no Canadá.

Andre Valentim

“Será a Copa do Mundo da libertação, com a população do planeta vacinada contra o coronavírus” Paulo Castello Branco, presidente do Grupo Águia.

VOOS Comprar pacotes e ingressos de hospitalidade não basta. É preciso chegar lá. E as companhias aéreas estão de olho neste filão. As nacionais Azul, Gol e Latam definem o planejamento para atender os brasileiros que adquiriram pacotes turísticos e os que pretendem viajar por conta própria. Já as internacionais Qatar Airways e Emirates programam aumento do número de voos do Brasil rumo a Catar e Dubai em 2022.

A Qatar Aiways opera diariamente dois voos próprios — sem contar os de codeshare com outras companhias — do Aeroporto Internacional de Guarulhos para Doha, capital do Catar. A passagem na classe econômica teve valor médio de R$ 8 mil em dezembro, redução para R$ 6,3 mil em média em janeiro e de alta para R$ 10,2 mil em média já no início do mundial. Em fevereiro, a empresa deve iniciar a operação de uma nova rota entre Doha e o Brasil, desta vez com destino final ao Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro.

BELEZA O Al Byat Stadium é uma das atrações do país do Oriente Médio para a competição. São esperados 1 milhão de turistas durante os quase 30 dias de disputas. (Crédito:Divulgação)

A Emirates, que reiniciou em outubro a rota diária entre São Paulo e Dubai com o gigante Airbus A380, deve retomar em breve os voos com parada no Rio e destino final para Santiago, no Chile. Os trechos haviam sido suspensos na pandemia. Os preços variam em média de R$ 9,2 mil em janeiro de 2022 a R$ 7,5 mil em novembro, antes da abertura da Copa. A empresa ainda não disponibiliza no site opção de compra de passagem para o período da competição.

TRAJE Outro segmento que já navega em clima de Copa do Mundo envolve as gigantes de vestuário esportivo – Adidas, Nike, Puma e Under Armour. De olho em um mercado que, globalmente, movimenta US$ 300 bilhões pelo anualmente, segundo estudo da consultoria Sports Value. O especialista Renato Jardim, diretor executivo da Associação pela Indústria e Comércio Esportivo (Ápice), aposta na realização de ações promocionais das empresas de material esportivo no Brasil. “Sempre ocorre o lançamento de um uniforme novo de uma ou outra seleção, ou de determinados calçados e acessórios para um consumo momentâneo”, disse. Até aqui, 13 das 32 seleções com vaga assegurada na competição já são conhecidas.