A Duratex fez em 2021 o seu movimento mais arrojado em 70 anos de história: a criação de uma holding de nome Dexco. Uma forma encontrada pela companhia, controlada pelos grupos Itaúsa e Seibel, de dar mais visibilidade a todas as marcas do portfólio. Além da Duratex, tem Castelatto, Ceusa, Deca, Durafloor, Hydra e Portinari, especializadas em produtos para decoração e revestimento. O movimento estratégico, aliado à recuperação do mercado nacional e internacional, levou a Dexco a garantir resultados recordes na temporada e a projetar um 2022 igualmente “muito forte”, como afirmou à DINHEIRO Antonio Joaquim de Oliveira, presidente da companhia. “O ano de 2021 foi recorde em todos os pontos: lucro, Ebitda, faturamento, volumes”, disse. “Foi um salto extraordinário e um ano superlativo.”

O crescimento dos negócios ocorreu de forma orgânica, impulsionado principalmente pela construção civil e por intervenções residenciais, e incluiu movimentações inorgânicas, como a aquisição de 100% da Castelatto, líder no segmento premium de pisos e revestimentos de concreto arquitetônico (o valor não foi divulgado) e de 10% da rede de lojas ABC da Construção, por R$ 102,3 milhões. Os investimentos chegaram a R$ 2,5 bilhões. “Temos mais de 50 projetos internos”, afirmou Oliveira. Segundo ele, até meados de 2023 a companhia estará focada nas entregas e nos resultados. “Teremos um 2022 desafiador, que demandará mais pilotagem e gestão mais próxima do que em relação a 2021.”

Os investimentos envolveram também R$ 150 milhões para o início das operações da DX Ventures, o fundo de corporate venture capital da Dexco. Foram aportados R$ 30 milhões na Urben, empresa responsável pela produção de madeira engenheirada (processada industrialmente para otimizar o desempenho para uso na construção civil); R$ 15 milhões na Noah-Wood Building Design, uma construtech que visa levar a sustentabilidade para a construção civil; e R$ 74 milhões na Brasil ao Cubo, companhia que, por meio da construção modular, produz estruturas metálicas para montagem no canteiro de obras. “O principal [objetivo com o projeto] não é o drive financeiro. É um investimento de médio e longo prazo”, afirmou o executivo. “Esperamos um retorno estratégico, de conhecimento, em treinamento de pessoal, em ideias para negócios.”

EXPANSÃO E RECORDES A Dexco tem apostado na ampliação das linhas produtivas no Brasil e nas exportações para manter as vendas em alta na temporada. (Crédito:Divulgação)

A expansão das linhas produtivas é parte da estratégia da Dexco pra continuar a crescer. Além de 21 unidades industriais e florestais pelo Brasil, a empresa possui três plantas de painéis na Colômbia e investe R$ 600 milhões na construção de uma fábrica para a produção de revestimentos das marcas Ceusa e Portinari em Botucatu (SP). Será a primeira unidade com tecnologia 4.0 e a primeira linha de produtos feitos no local deverá sair em 2023. O portfólio mira nos consumidores de classe média e alta.

ENTREGAS O esforços da holding em ampliar a linha de negócios são baseados na expectativa de outro forte desempenho em 2022, puxado novamente pela construção civil. Diante dos bons resultados do primeiro trimestre, a empresa posicionou volumes nos mesmos patamares de 2021. E nem mesmo a alta da inflação e os desdobramentos da guerra, com aumento nos preços de matérias-primas e logística, minam o ânimo de Oliveira. “Temos produtos do ciclo final das obras. E o grande volume de lançamentos de 2020 e 2021 começa a entrar em fase de acabamento em 2022 e até mesmo 2024.”

O executivo destaca que, diferentemente do que ocorreu na crise da construção civil, entre 2014 e 2019, quando muitos canteiros de obras foram paralisados e quase não houve lançamentos de empreendimentos, o setor não parou durante a pandemia. “Continuamos com bom ritmo de lançamentos, e o mercado de crédito imobiliário segue aquecido.” Isso, mesmo com os juros subindo. “Obviamente, esse cenário tem efeito em financiamento, mas continuam os projetos de mais longo prazo, como é o caso de comprar, construir e reformar uma casa.”

O bom momento da Dexco no mercado interno se estende ao mercado internacional. A companhia tem computado volume recorde de exportação, principalmente em madeira. A empresa comercializava entre 25 mil e 30 mil m³, por mês, no ano passado. Agora, está entre 50 mil e 60 mil m³ mensais. “A demanda segue aquecida, apesar de o nosso produto chegar mais caro ao cliente final, por causa da logística”, disse o presidente. Os principais mercados estão nos Estados Unidos, além de países da América do Sul e da Ásia. Um sinal de que não há fronteiras para o crescimento da Dexco.