Sob risco de entrar em colapso quatro meses atrás, uma tão inesperada quanto espetacular virada no jogo do comércio exterior está sendo experimentada pelo setor de carnes. A febre aftosa que atingiu este ano a região oeste do Rio Grande do Sul foi erradicada e, na Europa, eclodiram novos casos da doença conhecida como ?vaca louca?. ?Todas as expectativas de exportação foram alteradas para cima?, diz o ministro da Agricultura, Pratini de Moraes.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes Industrializadas calcula um crescimento, já este ano, de 25% sobre o total de 462 mil toneladas de carne bovina vendidas no ano passado para os Estados Unidos e Europa. Significa a entrada de US$ 710 milhões nos caixas dos criadores. ?Para 2001, vamos exportar 50% mais do que neste ano?, calcula Zilmar Moussalle, do Sindicato da Carne do Rio Grande do Sul.

Assim que o novo surto da ?vaca louca? surgiu na Europa, o consumo de carne bovina chegou a cair até 70% em alguns países. Na Alemanha, os fabricantes de salsichas bovinas decidiram parar de fabricar o produto com carne européia e privilegiar compras em países latino-americanos. ?Estamos melhor do que argentinos e uruguaios?, garante Martim Luiz da Luz, diretor do grupo Ana Paula, com fazendas consideradas modelo no município de Bagé. No início do próximo ano, veterinários da Rússia irão inspecionar frigoríficos brasileiros para futuras compras.