Em todo voo, pelo menos um terço dos passageiros é prejudicado, sendo obrigado a sentar na infame cadeira do meio, longe da janela e do corredor, esmagados entre dois desconhecidos durantes horas, brigando por espaços no apoiador de braço. O pior de tudo isso é que as pessoas que sentam nestes assentos pagam o mesmo preço daqueles que estão em posições mais confortáveis. Porém, um projeto chamado S1, criado pelo estúdio de design Molon Lab Seating está prestes a fazer uma simples, mas poderosa revolução na aviação comercial.

Ao mover o banco do meio levemente para trás e para baixo do que os outros ao seu lado, o projeto S1 conseguiu resolver um dos maiores problemas da aviação comercial. O protótipo está prestes a ser aprovado pela Federal Aviation Administration (FAA, órgão similar a ANAC nos Estados Unidos) e será instalado em 50 aeronaves até 2020. Apesar de parecer uma mudança pouco efetiva, ela alarga a cadeira do meio em pouco mais de 7,5 cm dando mais respiro para braços e ombros sem diminuir ou aumentar espaço para as pernas ou mudar a capacidade da aeronave – ou seja, sem peso financeiro para as aéreas.

Apesar do impacto que o projeto pode ter na experiência de voar, o Molon Lab Seating conta com apenas seis funcionários, incluindo vendas e operações. “Descobrimos que o que parece uma pequena mudança, causa uma importante diferença. A nossa maior arma de marketing foi chamar executivos de companhias aéreas para se sentar e sentir a diferença”, disse o fundador do estúdio, Hank Scott para o site Fast Company. “Eu vi diversas vezes executivos que torciam o nariz ao sentar nos assentos modificados ao lado de nosso responsável por vendas – ele tem 1,90m e pesa 113 kg – e depois de alguns segundos, eles entenderam na prática a mudança”.

Outra mudança sútil mais eficaz do projeto está no apoiador de braço. Ao invés da barra reta presente atualmente nas aeronaves, o Molon Lab propõe um apoiador com dois níveis, o mais baixo primeiro, e um mais alto perto da ponta, de maneira que os passageiros do meio coloquem seus braços na parte mais baixa e os sentados no corredor e janela fiquem com a ponta mais elevada, evitando assim a desconfortável disputa de espaço.

O S1, porém, é indicado apenas para viagens de poucas horas, e começará a ser testado em breve em uma companhia aérea que ainda não foi divulgada. O estúdio de design ainda está desenvolvendo o S2 e S3, pensandos para voos longos. Mas caso os primeiros testes deem certo, não demorará para que os novos projetos avancem rapidamente, para o bem dos pobres passageiros dos assentos do meio.