A Caixa Econômica Federal sempre foi sinônimo de caderneta de poupança e investimentos muito conservadores. No que depender de Bolivar Tarragó Neto, vice-presidente de ativos de terceiros do banco, essa imagem tradicional e conservadora vai mudar. 

 

O executivo está de olho nas aplicações de risco. Nos próximos cinco anos, a meta da Caixa é fazer com que a fatia dos recursos dos seus clientes investidos em aplicações sossegadas caia dos atuais 91% para 60%. 

 

 

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Mudança de hábitos: Bolivar Tarragó (acima)terá de fazer um trabalho de reeducação

financeira com os clientes da Caixa, convencendo-os a correr mais riscos ao investir

 

 

A diferença será ocupada por fundos de ações e de crédito privado. “Vamos diversificar nossa gestão de ativos com a renda variável e com os multimercados, mas sem descuidar da renda fixa”, diz Tarragó. “Precisamos nos especializar para enfrentar a queda das taxas de juros.” 

 

Mudar essa imagem não será uma tarefa simples. Os investidores que deixam seu dinheiro na Caixa gostam de segurança e tranquilidade. Convencê-los de que correr riscos é bom para a rentabilidade de suas aplicações vai exigir um trabalho de reeducação financeira. 

 

Outra tarefa espinhosa será conquistar a confiança deles. “O investidor tem de estar convencido de que a equipe de gestão da Caixa será capaz de administrar os fundos de risco tão bem ou melhor do que administra os fundos de renda fixa”, diz Rodrigo Menon, sócio da empresa independente de avaliação de fundos Beta Advisors. 

 

A Caixa enfrenta uma dificuldade adicional. Como não pode ser agressiva na remuneração nem recrutar profissionais de mercado sem concurso, aposta na equipe da casa. Hoje, 11 dos 23 gestores são dedicados à renda variável, e capacitar esses profissionais para gerir aplicações de risco é uma tarefa árdua. 

 

O treinamento começou há cinco anos. “Quem é formado dentro de casa precisa de tempo para conhecer bem as operações de risco”, diz Menon. Além dos investidores que gostam de risco, a Caixa vai buscar clientes internacionais que queiram aplicar no Brasil. 

 

A meta do banco é buscar US$ 500 milhões, para aplicações em renda fixa e também para financiar a infraestrutura, por meio de um fundo de investimento em participações (FIP).