É raro encontrar algum executivo da Intel, a maior fabricante de chips para computador do mundo, envolvido em debates apaixonados. A etiqueta da companhia recomenda discrição aos seus empregados. A única exceção é quando o assunto é WiMax, a tecnologia que permite transmitir dados em alta velocidade sem a necessidade de fios. Há quatro anos, a Intel bate na mesma tecla: esse será o futuro para quem deseja navegar na internet, falar em telefones conectados à rede ou enviar quaisquer tipos de dados sem a necessidade de um ponto físico de conexão. Para não ficar no discurso vazio, a Intel ajudou a criar um consórcio internacional que reúne 100 empresas interessadas em explorar os recursos disponíveis no WiMax. Na Europa e nos Estados Unidos já existem várias experiências em andamento, mas no Brasil não havia nada nesse gênero.

Na primeira semana de setembro, o quadro vai mudar. A Diveo, que terceiriza serviços de tecnologia para grandes clientes, colocará o Wimax em escala comercial no País. É importante não confundir o novo produto com o conhecido Wi-Fi. Eles são rivais. No Wimax, a cobertura pode ter um raio de alcance de até 50 quilômetros. Bem diferente dos 500 metros nos modelos de conexões sem fio tradicionais que são usados em restaurantes e cafés de todo o planeta.

No modelo da Diveo, a cidade de São Paulo será dividida em cinco áreas de cobertura. Pequenas e médias empresas precisarão apenas instalar uma pequena antena para receber os sinais da banda larga sem fio. ?WiMax é seguro e possui um alcance sem similiar no mercado?, afirma Max Leite, diretor de programas de tecnologia da Intel no Brasil. ?É uma grande oportunidade de negócio.? Essa é a aposta da Diveo, que começou no País em 1999 hospedando dados de empresas e aos poucos se transformou num supermercado de tecnologia. A Diveo gastou US$ 350 milhões para construir um gigantesco DataCenter, em São Paulo, com 15 mil metros quadrados, e colocar 1 200 pontos de presença no País ? 600 apenas na capital paulista ? para atender a demanda de transmissão de dados dos clientes. Em cada ponto a empresa instalará uma espécie de amplificador que levará o sinal do WiMax para os novos clientes. ?Vamos oferecer acesso rápido à internet e redes de alta velocidade para as empresas?, afirma Luiz Dutra, diretor comercial da Diveo. O preço por esses serviços: entre R$ 600 e R$ 1 000 por mês. A Intel estima que em 2008 os aparelhos, como laptops, já sairão de fábrica com antenas minúsculas capazes de receber os sinais de redes WiMax. Hoje uma antena externa custa cerca de US$ 500, mas até o futuro a Intel prevê uma redução e muitas mudanças nesse mercado. Menos na sua paixão pelo WiMax.

50 quilômetros é o raio de alcance do sinal da tecnologia WiMax. As redes sem fio tradicionais chegam a menos de 500 metros